Jerónimo Sousa quer “preparar o país para a saída do euro”

No discurso de encerramento da Festa do Avante, o secretário-geral do PCP afirmou que “o BES não pode ser a reprodução do BPN”

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Raquel Esperança

“Não foram muitos os momentos da História mundial em que a Humanidade se viu confrontada com tantos e tão grandes perigos”, começou por advertir. A primeira vaia dos milhares de militantes e simpatizantes comunistas, esta tarde, surgiu com a primeira referência à NATO. E continuou com as críticas à “conspiração do imperialismo” que o secretário-geral do PCP acusa de estar em marcha na Ucrânia, apoiada pelo “Governo golpista de Kiev”.

A crítica era, em parte, para a União Europeia, que Jerónimo recordou motiva “desde a primeira hora” a oposição do PCP. Mais ainda, agora, quando “só não vê quem não quer que o País continua a ir ao fundo”. Enquanto a Europa, acusa, impõe “relações do tipo colonial no seu seio”.

Se o País “está a andar para trás”, continuou Jerónimo, e a “afundar-se sob o peso de uma dívida insustentável”, a ruína “do império Espírito Santo exibe a falência da própria política de direita”. O GES , “tal como outros, desenvolveu-se debaixo da asa protectora dos Governos PS, PSD e CDS”. E participou, alega, “no financiamento das campanhas eleitorais dos partidos do arco do poder”. O PSD até pode ser “o campeão” do trânsito entre a política e o BES, mas o PS, acusa Jerónimo, “vem logo atrás”.

Exigindo a responsabilização dos banqueiros pela utilização de fundos públicos, Jerónimo adiantou que “o BES não pode ser a reprodução do BPN”.

Mesmo com uma longa lista de vitórias da “luta” – que correspondem, em grande medida aos recuos do Governo face aos chumbos do Tribunal Constitucional – Jerónimo anunciou que “os próximos tempos são de uma grande exigência”.

O grande “imperativo nacional”, assegura Jerónimo, é “derrotar este Governo”. Mas também, prossegue, impedir o “ciclo de rotativismo”, em que a governação se restringe a “PS e PSD, por turnos, com ou sem o CDS à ilharga”. Sem nomear as primárias socialistas, o líder do PSD criticou o “jogo de disputas pessoais”.

Anunciando uma “acção nacional” para os próximos dias, Jerónimo definiu as áreas de intervenção prioritárias para uma “política alternativa”: renegociar a dívida, recuperar o controlo público de sectores estratégicos da economia, alterar a política fiscal e de rendimentos. E pôr os departamentos do Estado a “preparar o país para a saída do euro”.

Congratulando-se com os “expressivos êxitos” eleitorais do PCP no último ano (autárquicas e europeias), o secretário-geral anunciou uma “campanha nacional de fundos” para ampliar os terrenos onde decorre a Festa, através da compra da Quinta do Cabo, adjacente à da Atalaia.

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