Cartas à directora 21/10

Escarnecer e factos da vida

Tiro o título acima da junção crítica que faço de dois textos do PÚBLICO de 17/10. O do meu querido amigo João Fraga de Oliveira (nas "Cartas à Directora") e do Vasco Pulido Valente na sua crónica da última página. Ambos falam da "mesma coisa" mas com perspectivas diversas e antagónicas quanto ao futuro. O João serve-se de Hanna Arendt para "erguer a bandeira" da reacção que virá, agora que estão a "escarnecer do nosso sentimento de injustiça". O Vasco, servindo-se do papel da Alemanha nas duas guerras mundiais no séc.XX, para "aceitar" que esta "terceira guerra", necessariamente só económica e mais uma vez liderada pela Alemanha, ser um "facto da vida" inelutável e não um qualquer servilismo português e/ou de outros.
Em quem voto? Claramente em si, caro João! E lembro ao Vasco que a 1ª e 2ª guerras também eram "factos" mas os alemães perderam-nas porque "escarneceram" a valer daquilo que consideravam uma "anomia perene" dos povos do mundo e... viu-se!
PS: Devo muito à então Alemanha Federal de 1981/83 na minha formação profissional, colocada ao serviço do meu país e sou-lhe grato por tudo. Mas também em Portugal, nessa época, o "servilismo e as vistas curtas" não faziam caminho.
Fernando Cardoso Rodrigues, Porto

Nuno Crato, o viajante

Pode parecer um fait divers impregnado de oportunos laivos demagógicos, se olharmos para a atualidade educativa, a notícia que saiu nos jornais sobre as viagens de Nuno Crato. No entanto, não se consegue vislumbrar razões para, por exemplo, o ministro ausentar-se para um encontro, em Milão, sobre telecomunicações, quando os professores viviam uma dilacerante angústia decorrente do miserável processo de colocação destes profissionais; ou quando, em plena sétima avaliação da troika, com vista a novos cortes na educação, o sr. Crato andasse, durante três semanas (!), por terras americanas do sul.
A meu ver, esta atitude é reveladora da postura do sr. Nuno Crato, a qual se pode caraterizar de irresponsável, incompetente e, verdadeiramente, demagógica. É que se tivermos em conta o discurso acrimonioso que o catapultou para o relevantíssimo cargo que atualmente ainda ocupa (mesmo que só do ponto de vista formal), no qual visava os gastos supérfluos com a reabilitação das escolas (não havia necessidade de tantos luxos, invocava, subliminarmente), assim como o estafado teor comunicacional do rigor nas contas e nos processo educativo em geral, este posicionamento... enfim... viajante do sr. Crato não é mais do que a revelação definitiva do grau zero político que este Governo enlaçou.
J. Ricardo, Torre de Moncorvo

Os portugueses são loucos

Como diz a velha máxima "estamos a ser comidos de cebolada ”. O Banco de Portugal é um regulador que não regula. Sabedor  da cratera do BES antes do aumento de capital deixou muitos aforradores participarem na escalada para o abismo. Uma vergonha! O regulador desregulado permitiu que depositantes fossem ludibriados. Esses portugueses são loucos, podíamos transfigurar a máxima de Obélix quando proclamou "esses romanos são loucos ”. Há um fúnebre silêncio mafioso entre os conhecedores dos labirintos das negociatas entre políticos e banqueiros. Os portugueses estão "entregues à bicharada”.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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