Cartas à Directora

Tenho pena

Tenho pena que o presidente da República de Portugal prefira a sua agenda pessoal à resolução dos problemas do país e, em plena situação de decisão urgente, vá à Madeira. Tenho pena que Cavaco Silva, depois de devidamente alertado para as possíveis cambiantes da situação política, ele que dizia que tinha todos os cenários possíveis estudados, se comporte desta forma. Tenho pena que Passos Coelho que também não esteve a favor da antecipação das eleições legislativas de Outubro de 2015 venha agora pedir uma revisão extraordinária da Constituição Portuguesa para que seja possível a antecipação das eleições legislativas. Tenho pena que António Costa não tenha sido mais claro. Tenho pena que o mini-acordo do PS com os partidos à sua esquerda não tenha sido um verdadeiro acordo e tenha sido assinado à porta fechada. Os verdadeiros momentos históricos não são normalmente assim registados! Tenho pena do clima  de confronto que  alguns procuram instalar na sociedade portuguesa. Tenho pena, acima de tudo, de nós portugueses que continuamos a estar dependentes das infantilidades dos políticos que só olham para si próprios e para os seus partidos e continuam, no geral, a se preocuparem muito pouco com os que os elegem. Tenho pena que apesar de todas as promessas, e quarenta anos após o 25 de Abril, continue a ser assim.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

Ai Portugal

Digo e repito: não tenho simpatia nem afeto e muito menos interesse associado a qualquer partido político. Tenho alergia a inúmeros políticos, de todos os quadrantes. No entanto, governar o meu país e construir aquele que será o dos meus filhos, é demasiado sério para ficarmos entretidos e satisfeitos a atirar pedras e a fazer piadas brejeiras sobre quem nos governa. Usem esse registo para quando falarem dos treinadores de futebol. Pode não ser elegante, mas os efeitos são limitados.

Há 4 anos o Estado estava a escassos passos de não ter dinheiro para pagar salários e reformas. A culpa não foi todo do PS, mas ele estava ao leme. O primeiro-ministro da altura apareceu entretanto com largas manadas de cabritos, sem se lhe conhecerem as cabras. O acordo com quem na altura nos emprestou o dinheiro, que desesperadamente necessitávamos, foi negociado e acordado em primeira linha com o próprio PS. A fatura veio depois, para quem a merecia e para quem não a merecia.

Acreditei eu que tal etapa constituiria uma vacina e uma aprendizagem. Infelizmente, o PS de hoje destrui essa oportunidade. Este discurso do “vamos acabar com a austeridade”, como se esta tivesse sido uma opção da direita à qual eles foram alheios, não é sério. Reverter nacionalizações e concessões para permitir continuar a haver uma greve todos os meses, choca quem sua o seu trabalho.

Digo e repito: a minha preocupação principal não é eu trabalhar mais 4 ou 5 anos ou perder 10 ou 20% da minha reforma. A minha preocupação principal é o país que irão encontrar os meus filhos e a restante geração dos 20 anos. O seu futuro depende pouco da reposição das pensões, dos salários da função pública e muito menos das greves nos transportes. Depende de haver gente empreendedora, que acredita no país e que nele investe. É com profunda tristeza que vejo alguns esfregando as mãos de contentamento, porque os empresários “agora vão vê-las!”. Nem todos serão gente boa, é certo, mas com este clima, o certo é que os meus filhos vão ficar a ver navios…!

Carlos J F Sampaio, Esposende

 

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