Cartas à Directora

O Negócio

Vamos ver se nos entendemos, se acordamos ou se temos coragem de encarar a realidade. Há dias, de propósito, ao fazermos uma incursão sobre o problema grego, deixámos para trás o FMI, para que fosse observado noutro momento. Vamos agora ao assunto.

Pessoas mais ou menos opacas, e talvez por isso bem posicionadas e com cátedra, ao serviço duma sociedade que cultiva ostensivamente a desigualdade, que vivem num mundo ideal que as sustenta e as protege, tecem loas sobre a bondade da instituição FMI, que socorre, em momentos críticos, alguns países em dificuldades financeiras e económicas, após prolongadas análises e um rol enorme de burocracias que inferiorizam o país pedinte. Vamos ver se nos entendemos. O FMI e toda a sua corte vivem à custa das situações críticas geradas nesses países e só isso é que justifica a sua existência. Os salários ostensivos que auferem os seus directores e funcionários são consequência dos juros e encargos suportados pelos países que contraem os empréstimos. Logo, a arrogância que algumas vezes é exibida pelos actores principais desta farsa, agentes do FMI e a vergonhosa postura dos actores secundários, os representantes da nação devedora, são uma ridícula comédia que se transforma em drama.
Qualquer entidade que empresta dinheiro a juros não faz favores, faz negócio e vive à custa do rédito dos empréstimos. Não há favores, há negócio, e é o devedor que alimenta o credor, e isto tanto no caso dos privados como das instituições ou países. Logo começa a ser tempo de tratar os bois pelos nomes e quem empresta, e fica à espera que lhe paguem, deve ter sempre em conta o esforço que é preciso desenvolver para conseguir um crescimento económico suficiente para dele retirar um oneroso encargo financeiro, muitas vezes insuportável. Deixemo-nos de rodriguinhos e, como humanistas, vamos dar a mão aos nossos irmãos.

Transcrevo do meu livro, “Crónicas da Lucidez”, porque vem a propósito: “Tal como o sangue circula no corpo e é necessário à vida, assim se pensou que a moeda, o dinheiro, seria o alimento que daria substância à sociedade, ou, mais profundamente à actual civilização. Sem regras devidamente estruturadas, sem ética, e sem moral, sem finalidades sociais, as repúblicas, copiando-se sucessivamente, deixaram que grupos de usurários comandassem a economia, e que retirassem dos empréstimos um proveito superior ao aumento real da produção de bens. Assim, não há volta a dar, e as dívidas (que nos deixam mutas dúvidas da forma como foram constituídas) não podem ser liquidadas.”

Joaquim Carreira Tapadinhas, Montijo

De onde terão vindo?

As poucas noticias dos Jornais fazem-nos acreditar que apareceram tipo milagre. São muitos os tuk-tuk que circulam em Lisboa. Além dos transportes normais e táxis, dos autocarros turísticos, duns carrinhos de dois lugares que se podem alugar ali na baixa de Lisboa, o que floresce como cogumelos são os tuk-tuk.  

O muito pouco que o cidadão comum consegue apurar é que apareceram, sem enquadramento nas regras de mobilidade da cidade.

E aqui há muitas perguntas sem resposta: não havia autorização? Porque não foram logo parados? Onde estavam armazenados para em tão pouco tempo aparecer uma quantidade tão grande?

Seria interessante que as autoridades rapidamente fizessem um ponto da situação e que a comunicação social dispusesse de informação credível para esclarecer os portugueses que todos os dias são rodeados por estes motorizados que parece que caíram do céu numa noite de nevoeiro.      

Maria Clotilde Moreira, Algés


 

     

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