Cartas à Directora

Mário e jornalista

Num destes dias cinzentos e quentes, saiu do anonimato o jornalista Mário Lindolfo. Rádios, televisões e jornais noticiaram a sua morte. (...) O Mário trabalhou em jornais e foi funcionário da RTP. Após sair da estação pública, colaborou com órgãos de comunicação social até de partidos políticos. Era genial, criativo, humorista, inteligente, culto. Televisões, jornais, rádios e livros tiveram a sua colaboração como autor e inspirador de ideias, a lista dos eventos que tiveram o seu cunho e dos actores e apresentadores aos quais deu brilho é imensa. Fê-lo sem gabarolice. Não contava a terceiros o que fora da sua autoria. Não cobiçava medalhas nem visibilidade. Era assim. Gostava de criar durante e após uma boa tertúlia. Alimentava as discussões e ficava a ouvir-nos. Na entrega total aos projectos, era perfecionista.

O ano de 2014 reaproximou-nos. A morte da mulher, a jornalista Ângela Caires, e a notícia que lhe dei em primeira mão: a RTP2 iria exibir em Maio o documentário da sua autoria À Procura do Socialismo. É claro que recebeu a informação com alegria, mas, como génio insatisfeito, sugeriu algumas alterações na banda sonora.

A sua criatividade foi premiada pela RTP. Para receber o prémio, Nuno Fradique pediu-me que fosse em seu lugar. Então, subi ao palco e disse: "Boa tarde, sou o Mário Lindolfo e quero agradecer a distinção..." , o que provocou gargalhadas de alguns ilustres na plateia, que acabavam de assistir a mais um exercício do seu humor, o mesmo humor que o levou a ir aos perdidos e achados da PSP reclamar pela alma que perdera.

Semanas antes do óbito, o Mário desafiou-me para, com mais amigos, almoçarmos o cozido à portuguesa da dona Natália no Lumiar. Não pude ir, nem sei se chegou a concretizar-se. Sei é que o luto dos amigos, colegas e familiares estende-se a essa região de Lisboa e ao pequeno restaurante onde muitas vezes discutimos isto e aquilo e até os gostos – "os gostos discutem-se", sustentava o Lindolfo.

Ficámos por aprender mais com ele e privados da sua criatividade e generosidade. A dimensão deste homem não tem limite, tal como ilimitado é o céu por onde passeia o seu sorriso sempre presente e fraterno.

P.S.: Não penses que ficas só na memória da tua geração. O Nuno, hoje jovem e adulto, que, através da mãe, te conheceu e admirou o teu talento, continua a perguntar-me por ti. Na manhã em que soube do teu desaparecimento, fui ter com ele e demos "aquele abraço", como diriam o Alípio, o Zé dos pneus e o Bandarra.

Aristides Teixeira, Almada

O xarope

Paciência. Paciência. Paciência. Passos Coelho recomenda o xarope pacientex de 8 em 8 minutos. O paciente português de Massamá quer combater a febre hemorrágica do vírus fiscal transmitido pelo Governo através da paciência! O xarope é indicado para situações em que o paciente tem situações clínicas de despesismo compulsivo, originando zumbidos, enxaquecas e dores musculares. O xarope também é indicado para combater as gorduras do Estado, sendo recomendada a administração aos contribuintes de forma indexada aos valores do IMI. As dores de ouvido surgem logo após notícias de novo choque fiscal. Passos quer afirmar a paciência como um analgésico. As dores de cabeça associadas a elevadas doses do xarope não devem ser tratadas com mais xarope! Passos está desactualizado! Convém alertar que o excesso de xarope causa diarreia, vertigens e cefaleias, originando faltas ao trabalho e mais despesas!

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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