Cartas à Directora

PS, campanha interna e próximas eleições

A campanha travada entre Seguro e Costa dentro do partido socialista, para as primárias de 28 de Setembro, poderão contribuir para a destruição do partido, em vez de aumentar os votantes nas próximas eleições.

Se é certo que as vitórias eleitorais conseguidas por Seguro nas autárquicas e europeias não foram expressivas, o facto é que foram vitórias e não derrotas.

Além disso, há votantes que não gostaram da maneira como as coisas se passaram, ou seja, se Costa tivesse ido a votos mais cedo, provavelmente teriam opiniões mais favoráveis, mas o facto de aparecer numa altura em que a travessia do deserto estava prestes a ser concluída, não agradou a muita gente dentro do partido, que considerou eticamente reprovável a atitude de Costa. Estas questiúnculas internas decorrentes da campanha em curso não só favorecem os adversários mais directos, como dão má imagem e prejudicam o PS.

Mas parece haver tradição nestas coisas, pois nas penúltimas presidenciais apresentaram-se dois candidatos na área do PS, Soares e Alegre, o que não só originou uma divisão de votos na família política, como também houve pessoas que – por reprovação desta opção - não votaram em qualquer dos candidatos, o que poderá ter contribuído (o mesmo decidido) a vitória ao candidato de direita, Cavaco Silva.

Dinis Evangelista, Lisboa

 

Os destacáveis sobre a I Grande Guerra

É mais que louvável a iniciativa do PÚBLICO ao editar um conjunto de destacáveis sobre a I Grande Guerra. Guardei-os e estou agora a lê-los. De entre esses artigos merecem um destaque especial as excelentes reportagens de Manuel Carvalho sobre a guerra travada pelos portugueses e pelos alemães no norte de Moçambique. Dos artigos que já li ressalta uma grande evidência: os governantes da I República agiram com ignomínia, incompetência e desumanidade ao enviarem para a guerra os nossos soldados sem a mínima preparação, tanto para França, como para as frentes de Moçambique e de Angola. E os comandantes militares na frente de batalha também não se saíram melhor. É impossível não ficar chocado com o que relata Manuel Carvalho sobre as condições pavorosas em que os nossos soldados tiveram de combater. Mas há ainda uma outra evidência que ressalta, sobretudo no caso de Moçambique: o abandono que o país votou ao longo dos anos à memória dos que morreram e por lá ficaram. Os cemitérios onde repousam os portugueses estão completamente abandonados. A memória destes soldados exige que os nossos governantes façam alguma coisa que repare esta situação. Se houver algum esforço nosso, certamente que Moçambique, dadas as boas relações existentes entre os dois países, prestará a sua colaboração.

João Ferreira, Lisboa

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