Já são 10% os produtores de vinho de Lisboa que apostam no biológico. Vendas duplicaram em 2023
Produção e venda de vinho biológico de Lisboa duplicaram em relação a 2023, com 13 produtores a comercializar 250 mil garrafas. Em 2024, brancos e rosés lideram vendas totais dos vinhos da região.
Em 2023, a produção e venda de vinho biológico da região demarcada de Lisboa duplicou face ao ano anterior, com 250 mil garrafas de 13 produtores, mais seis do que em 2022. Os números foram apresentados esta segunda-feira pela Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa (CVR Lisboa) e são “expressivos”, considera o presidente, Francisco Toscano Rico.
De acordo com o presidente da CVR Lisboa, a produção de vinho biológico na região abrange produtores de várias dimensões, de pequenos produtores a outros de “alguma dimensão”, passando pelos de “grande escala”, diz ao PÚBLICO.
Alguns pequenos produtores, como a Bio-Grape ou o Vale de Cortém, apostaram na produção biológica “logo de início”, afirma. “Quiserem estar nesse segmento, não só por uma questão de atitude em relação ao modo de produção, como pela dimensão que têm. É mais um factor de diferenciação no mercado. Não tendo escala, é mais um argumento para conquistar um nicho que, mesmo sendo nicho, tem despertado um interesse crescente.”
Outros produtores de média dimensão procuraram “enveredar pelo biológico” como uma “forma de procurar essa diferenciação”, explica, citando o exemplo da Quinta Monte d’Oiro e da Quinta da Folgorosa. Já produtores “de grande dimensão”, como a AdegaMãe ou a Casa Santos Lima, “têm outro produto que não o biológico, mas sentiram necessidade de enriquecer o seu portfólio porque o mercado assim o pede”, continua.
Ao todo, são 13 os produtores actualmente em produção biológica: Casa Santos Lima, AdegaMãe, Quinta do Montalto, Bio-Grape, Chão do Prado, Quinta de Sant’Ana do Gradil, Quinta da Folgorosa, Vale de Cortém, Quinta do Monte D’Oiro, Cas'Amaro, Vale Da Capucha, Quinta da Boa Esperança e CPS (Carlos Pereira de Sousa). O número representa, segundo presidente da CVR Lisboa, 10% da totalidade de produtores da região a comercializar garrafas.
Num comunicado enviado à imprensa, a CVR Lisboa sublinhou que o “nível de adesão” no último ano “foi em grande medida alavancado pelos apoios concedidos ao abrigo do PEPAC [Plano Estratégico da Política Agrícola Comum]”. Destacou também o papel de ferramentas como a “certificação como biológico e a certificação segundo o Referencial Nacional de Certificação de Sustentabilidade” na afirmação no mercado. “Hoje já é um factor de diferenciação nos mercados mais maduros, os nórdicos, por exemplo, e, a médio prazo, [a sustentabilidade] pode ser um requisito”, afirma Francisco Toscano Rico.
Apesar de as vendas totais dos vinhos da região terem diminuído 3% face a 2022, o presidente da CVR Lisboa avança que os números de vendas dos primeiros meses de 2024 “criam expectativa”. “Houve aumentos superiores a 50% quer no vinho branco, quer no rosé”, adianta, referindo uma crescente procura por este tipo de vinhos na região.
Em relação à produção biológica, Francisco Toscano Rico não acredita que haja um “boom de adesão”, diz. “É algo que é gradual e lento. A viticultura atlântica é muito difícil em modo de produção biológica por uma questão de temperatura, de humidade. Não é fácil e é preciso um conhecimento técnico muito forte.”