Amigos para sempre
Não importa há quantos anos se conhecem; agora que os seus caminhos se cruzaram, sabem que podem contar uns com os outros. E se os planos que fazem para o projecto de envelhecimento incluírem os amigos, estarão mais felizes. É esse o segredo da longevidade deles.
Os dias começavam a pesar a Luísa. Percorria dois quilómetros para ir às compras e, no regresso, os sacos faziam com que a distância parecesse muito maior. Parava uma e outra vez, ao longo do caminho, para descansar. Estava em Boticas, em Trás-os-Montes, a terra onde nascera e de onde tinha saído aos 14 anos para Lisboa, em busca de trabalho. Fez-se artista. Luísa Afonso foi bailarina no Parque Mayer e por tudo o que era casa de espectáculos, aventurou-se no cinema e andou pelos palcos do mundo. E ei-la, aos 64 anos, cansada com os sacos da mercearia nas mãos. Na consulta seguinte, questionou o médico sobre se estaria com pouco juízo por pensar que tinha chegado a hora de ir para a Casa do Artista, instituição da qual era sócia. “Não é muito cedo para pensar nisto, doutor?” Ele admitiu que era o melhor remédio: “Agora, você faz a mala e sabe o que quer levar.” E ei-la, de novo, com a trouxa aviada, rumo a Lisboa. “Foi o melhor que fiz e não me arrependo. Foi na altura certa...”
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