É inevitável que, a cada dois anos, futebolistas de nível internacional fiquem no sofá, colados à televisão, enquanto outros brilham nos relvados do Europeu ou Mundial. O Euro 2016 não será excepção, e a lista de ausentes da competição que vai realizar-se em França ganhou contornos mais concretos após o anúncio das convocatórias definitivas das 24 selecções. Seja devido a lesão, por opção técnica, ou porque a respectiva selecção não conseguiu o apuramento, há nomes sonantes que ficam de fora.

O seleccionador português Fernando Santos não se debateu com uma grande contrariedade na elaboração da lista de 23 convocados para o Europeu, mas mesmo assim teve de enfrentar a indisponibilidade de três jogadores que teriam, pelo menos teoricamente, fortes probabilidades de integrar o grupo: Fábio Coentrão, Bernardo Silva e Danny. Tiago, por opção técnica, também ficou fora dos eleitos para o Euro 2016.

Ainda que nuns casos seja mais evidente do que noutros, todas as selecções têm as suas baixas para o torneio deste Verão em França. Os anfitriões, por exemplo, deixaram de fora o avançado Karim Benzema, do Real Madrid – uma decisão tomada em conjunto pelo presidente da Federação francesa de futebol, Noël Le Graët, e pelo seleccionador Didier Deschamps. Tudo por causa do processo em que Benzema é julgado por envolvimento num esquema de chantagem, com recurso a um vídeo de cariz sexual, a Mathieu Valbuena, seu companheiro na selecção. Os bleus ficaram ainda privados do defesa Raphaël Varane, por lesão.

Numa selecção com tantas soluções de qualidade como é o caso da Espanha, Vicente del Bosque teria sempre dores de cabeça para restringir a convocatória a 23 nomes. Para cumprir o regulamento, o seleccionador espanhol deixou de fora futebolistas como Diego Costa (Chelsea), Fernando Torres (Atlético de Madrid), Juan Mata (Manchester United), Javi Martínez (Bayern Munique) ou Isco (Real Madrid). O seu companheiro de equipa Dani Carvajal, lesionado na final da Liga dos Campeões, também não representará a roja.

Há casos em que o azar parece perseguir determinados jogadores. Que o digam o italiano Riccardo Montolivo, capitão do Milan, ou o alemão Marco Reus, futebolista do Borussia Dortmund – ambos já tinham ficado de fora do Campeonato do Mundo no Brasil, há dois anos, por lesão, e agora falham o Euro 2016, novamente por questões físicas. “A nível pessoal, dói-me tomar esta decisão”, confessou ontem o seleccionador alemão, Joachim Löw, consciente da crueldade de dar esta notícia a Marco Reus precisamente no dia em que o futebolista completou 27 anos. “É um desapontamento para ele e para todos nós. Se estivesse em condições, seria uma grande mais-valia para a nossa equipa. Mas o departamento médico tinha dúvidas que ele pudesse suportar um torneio exigente como este”, acrescentou o técnico.

Mais sorte teve o galês Joe Ledley: o futebolista do Crystal Palace sofreu uma fractura do perónio esquerdo há três semanas e meia, mas mesmo assim o seleccionador Chris Coleman decidiu convocá-lo para a estreia do País de Gales em fases finais do Europeu. “Tem estado a recuperar bem e ainda acreditamos que é possível tê-lo para o primeiro jogo”, explicou o técnico. Algo semelhante aconteceu na Inglaterra, com Roy Hodgson a incluir Daniel Sturridge nos eleitos para o Euro 2016, apesar de o avançado ter falhado os últimos dois jogos da selecção por motivos físicos.

No primeiro Europeu alargado a 24 equipas, foram várias as selecções que falharam o apuramento, com destaque para a Holanda. Isso significa que jogadores como Daley Blind, Wesley Sneijder ou Arjen Robben não vão marcar presença em França. A Dinamarca, campeã europeia em 1992, também não conseguiu qualificar-se para o Euro 2016, deixando fora de competição Kasper Schmeichel e Christian Eriksen. Os sérvios Branislav Ivanovic e Nemanja Matic, o esloveno Jan Oblak e o bósnio Edin Dzeko são outros exemplos de futebolistas de nível internacional a cujas selecções escapou o bilhete para França.