Venezuela

Um povo em fila para seguir a “dieta de Maduro”

Reuters/Carlos Garcia Rawlins
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Num país à beira da ruptura política e económica, Nicolás Maduro tenta transmitir uma boa imagem aos venezuelanos, aparecendo nos órgãos de comunicação social a visitar escolas e hospitais. Mas o efeito é o oposto. Um zapping por emissão televisiva: uma mãe solteira explica ao Presidente Venezuelano que não consegue alimentar os quatro filhos. Maduro muda rapidamente de assunto e brinca com o facto de o seu nome, Joandry Smith, parecer estrangeiro. Numa escola, uma rapariga queixa-se dos colegas que passam fome. Maduro repreende-a por não fazer mais por eles. Noutro momento, um rapaz diz ter perdido um grande jogo de futebol porque foi internado. Maduro aconselha-o a procurar o jogo no YouTube.

"Por mais que eles tentem disfarçar a realidade, ela acaba por aparecer e ser exposta em directo na televisão", disse o líder da oposição Henrique Capriles, num discurso recente junto de uma comunidade local. "O único a ganhar peso na Venezuela é Maduro, que já quase nem cabe no ecrã da televisão".

A escassez de alimentos e medicamentos gerou revolta no povo deste país sul-americano que, desde a queda do preço do petróleo em 2013, está em crise. Para além desta baixa no valor do petróleo, o Governo de Maduro insiste que a crise é o resultado de uma "guerra económica" contra o país. Entretanto, um estudo realizado por três universidades indica que cerca de 93% dos venezuelanos não consegue comprar comida suficiente e 73% perdeu peso no ano passado. A Venezuela entrou num estado de emergência alimentar, onde milhares de pessoas têm de abdicar de refeições. São vários aqueles que têm recorrido à ironia para tratar esta situação, classificando-a de “dieta de Maduro”.

Nas ruas, centenas de pessoas fazem fila para entrar nos supermercados e comprar pouco mais do que dois sacos com produtos alimentares. Para todo o mês. “Eles querem ficar no poder, então dizem que está tudo bem", desabafa Ludy Berrio, sentada no passeio de uma rua de Caracas. Esta empregada doméstica de 48 anos está há duas horas à espera para comprar dois sacos com massa e arroz.

"Temos mais fome durante o dia", diz a mãe de duas crianças, que perdeu cerca de 23 quilos no ano passado, ao sobreviver apenas à base de arroz, bananas e milho. As forças de segurança costumam organizar e vigiar as filas, embora os conflitos sejam cada vez mais comuns, assim como os desmaios causados pelo calor insuportável.

No ano passado, cerca de 150 mil venezuelanos abandonaram o país. "Há uma sociedade paralizada, desiludida e desesperada", acusa a agência noticiosa norte-americana UPI. "Estas circunstâncias levaram milhares de empregados precários, famintos e frustrados a emigrar. Eles estão a partir, por terra e por mar."

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