Índia

Ver um filme debaixo de uma ponte

Uma sala de cinema pode ser onde quisermos? Em Nova Deli, um cinema improvisado sob uma ponte centenária prova que sim.

Cathal McNaughton / Reuters
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Cathal McNaughton / Reuters

“Há pouco estava tenso, mas agora que me sentei para ver o filme a tensão começa a acalmar”. Manoj Kumar passa o dia a puxar um riquexó por Nova Deli, sujeito às elevadas temperaturas que se sentem na capital indiana, mas assegura que ao entrar nesta sala de cinema os seus problemas desaparecem. Chamar sala de cinema a este espaço pode passar por exagero mas quem aqui vem, pagando 10 rupias (cerca de 13 cêntimos), é isso mesmo que procura: filmes. No dia em que o fotojornalista da Reuters lá esteve, os filmes em cartaz eram Baazigar, Major Saab, Mela e Platform – todos eles produzidos pela trepidante indústria de cinema de Bollywood. Todos os dias este cinema improvisado, e montado por baixo de uma ponte com cerca de 140 anos, exibe quatro filmes diferentes. Uns panos velhos garantem a penumbra mínima necessária para a sessão e o chão coberto de tapetes velhos proporcionam aos espectadores o mínimo de conforto, num cinema onde os bilhetes custam um centésimo do preço dos cinemas mais elegantes de Nova Deli. O equipamento de projecção é também simples: uma televisão e um leitor de DVD portátil comprado com as poupanças dos organizadores. Um deles, Ishfaq, que também gere uma pequena banca de comida nas redondezas, afirma que este é um bom local para as pessoas descontraírem do seu quotidiano e das horas de trabalho árduo. “O espaço é amplo e aberto e há uma brisa fresca e agradável porque está muito próximo do riu Yamuna” garante. “Até parece que o ar condicionado está ligado.” Diariamente cerca de 100 pessoas vêm a este cinema para ver filmes, descansar ou mesmo dormir uma sesta - e à noite serve de abrigo. Por não funcionar legalmente, Ishfaq teme que as autoridades acabem por encerrá-lo. Um dos seus espectadores mais fiéis é Mohammad Islam, que compra e vende ferro-velho, e a quem o cinema ajuda a manter-se afastado de vícios. “Muitos homens ficam presos ao jogo, às drogas e ao álcool. Nós não entramos nesses vícios, vimos para aqui e vemos filmes”, revela. “Somos viciados em filmes.” 

Cathal McNaughton / Reuters
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