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Bolhão esconde-se nos panos e sustém-se nos andaimes

São pretos, rosa, laranja, por vezes azuis e muitas vezes às riscas. E também há brancos. Nunca serão imaculados - nem poderiam ser, se estão espalhados pelo mercado onde há mais concentração de pregões e  de palavrões por metro quadrado, mas também onde há garra e resistência. Têm às vezes regadores, caixas que já levaram fruta ou até carrinhos de mão a travar-lhes a eventual vontade de fugir dali, para um sítio menos escuro, e sobretudo, menos degradado.  

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São pretos, rosa, laranja, por vezes azuis e muitas vezes às riscas. E também há brancos. Nunca serão imaculados - nem poderiam ser, se estão espalhados pelo mercado onde há mais concentração de pregões e  de palavrões por metro quadrado, mas também onde há garra e resistência. Têm às vezes regadores, caixas que já levaram fruta ou até carrinhos de mão a travar-lhes a eventual vontade de fugir dali, para um sítio menos escuro, e sobretudo, menos degradado.  
E estes panos com que, dia após dia, os vendedores do Bolhão sinalizam a chegada da noite escura, são uma espécie de metáfora perfeita do ano-após-ano que aguardam novidades como as castanhas, quentes e boas. Ou, melhor, frescas e verdadeiras. Porque de promessas já todos estão fartos. Se a degradação no Mercado do Bolhão não dá para esconder, e os andaimes que por lá andam espalhados para conter eminentes derrocadas deixam-na escancarada, a vida fervilhante que se pressente, mesmo neste vazio trazido pela noite, revela que ali haverá sempre um coração a pulsar. À espera que amanheça o dia, e os corredores escuros se encham, de novo, de luz e de gente.