Bulgária

O ritual que funde cristianismo e misticismo indiano nas montanhas da Bulgária

Reuters/Stoyan Nenov
Fotogaleria
Reuters/Stoyan Nenov

Quem subisse as montanhas Rila, no Sul de Sófia, Bulgária, nos últimos dias, teria uma vista diferente da que encontraria no resto do ano. A paisagem é sempre surpreendente, mas perto do lago glaciar, no meio das pradarias verdes, a 2280 metros de altura, vários círculos brancos destacam-se do resto da Natureza. É preciso chegar mais perto para distinguir a mancha branca e admirar as quase 2500 pessoas vestidas de branco a participar no ritual "paneurhythmy", também conhecido por Beinsa Douno, que procura estabelecer uma relação com a energia cósmica.

Todos os anos, os seguidores da Irmandade Universal — que combina uma forma de cristianismo com o misticismo indiano — celebram o novo ano divino, que dura três dias a partir do dia 19 de Agosto. A sociedade, criada pelo professor espiritual búlgaro Peter Deunov, na década de 1920, não distingue etnias ou raças, mas a luz e pureza da alma, acreditando que todas as pessoas podem viver em harmonia.

"Não é apenas uma dança, é a celebração, a ligação com a Natureza, a benção que transmitimos uns aos outros, o sentimento de sermos um", diz Lilya Ivanova, psicóloga búlgara de 29 anos, que não esconde o sorriso após terminar o ritual. "É tão bonito ver cada vez mais pessoas a participar, e ver principalmente os pais a dançar com os filhos pequenos. Conseguimos sentir a harmonia e o amor".

Durante cerca de 80 minutos, os crentes movem-se graciosamente em círculos concêntricos, acompanhados por violinos e coros. Muitos vêm de longe: de França, Itália, Canadá, Ucrânia e Rússia, para participar no ritual. Quando terminam, ocupam o resto do tempo com danças, orações, meditações e exercícios que, segundo os seus ensinamentos, ajudam a criar paz e harmonia no mundo e a melhorar a saúde física e mental.

Pascal Husson fazia parte da companhia aéra francesa Air France, mas reformou-se. Desde 2008 que participa nas cerimónias. "Preciso de estar aqui porque é como o reiniciar dos outros 11 meses do ano", diz. "Sem telefone, sem internet, nada para além do contacto com a Natureza, Deus, o que está aqui e o que se pode ver aqui".

Reuters/Stoyan Nenov
Reuters/Stoyan Nenov
Reuters/Stoyan Nenov
Reuters/Stoyan Nenov
Reuters/Stoyan Nenov
Reuters/Stoyan Nenov
Reuters/Stoyan Nenov
Reuters/Stoyan Nenov
Reuters/Stoyan Nenov
Reuters/Stoyan Nenov
Reuters/Stoyan Nenov
Reuters/Stoyan Nenov
Reuters/Stoyan Nenov
Reuters/Stoyan Nenov