México

A meta continua a ser os EUA mas por agora (e por causa de Trump) ficam pelo México

"Tenho três filhos nas Honduras. Fiz parte de um gangue mas já não quero mais. Uma vezlevei um tiro na perna. É muito perigoso viver lá" Reuters/CARLOS JASSO
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"Tenho três filhos nas Honduras. Fiz parte de um gangue mas já não quero mais. Uma vezlevei um tiro na perna. É muito perigoso viver lá" Reuters/CARLOS JASSO

Para trás deixaram histórias de morte e medo. Num centro de abrigo para migrantes na fronteira entre o México e a Guatemala deparam-se com um futuro incerto. No caso de Concepcion Bautista, 39 anos, natural da Guatemala, essa incerteza multiplica-se por dois: ao colo tem o seu filho recém-nascido.

Quando saiu do seu país, depois de ter recebido ameaças de gangues, que lhe ficaram com a casa, partiu com o objectivo de se reunir com o pai e os dois filhos nos Estados Unidos mas por enquanto prefere aguardar. Fez o pedido de asilo ao México porque considerou essa a atitude mais acertada, em vez de tentar entrar clandestinamente nos EUA. Mesmo assim, diz que vai ficar atenta ao desenrolar das políticas de imigração do Presidente Trump. Actualmente tem apenas uma certeza: a de que não regressará à Guatemala.

No entanto, e ao contrário de Concepcion, há ainda quem tente a sua sorte para entrar nos Estados Unidos. Feliciano del Cid é um deles. A agência Reuters encontra-o num trajecto rochoso próximo à fronteira da Guatemala com o México numa altura em que procura evitar os oficiais de emigação ou mesmo membros de gangues que o poderão roubar.

Na mesma situação está Welquin Rivera, 34 anos. Há quarto meses foi deportado dos Estados Unidos para o seu país, as Honduras. Agora está a tentar regressar e juntar-se aos seus quatro filhos.

“Já fomos para o Norte [para os EUA] várias vezes mas torna-se cada vez mais difícil”, afirma Feliciano. “É melhor fazermos o percurso sozinhos através de novos caminhos”, explica.

Samuel (nome fictício) foi ameaçado de morte depois de ter sido raptado por gangues que assassinaram a sua irmã de 19 anos. Tudo isto em El Salvador, o seu país. Começou então a delinear um plano para partir com a família para os Estados Unidos. Em Novembro do ano passado um acontecimento mudou os seus planos.

A eleição de Donald Trump, que trocou as voltas a Samuel, teve consequências directas nos pedidos de asilo que o México passou a receber. Os efeitos fizeram-se sentir mesmo durante a campanha para as presidenciais americanas. Já em 2016, enquanto Trump utilizava na sua campanha slogans anti-imigração, o número de pedidos superou os 8 mil. No ano anterior tinham menos de 3500. A Agência mexicana para os refugiados, a COMAR, prevê que este ano poderão receber mais de 22500 requerimentos de asilo.

“Por agora queremos ficar no México e já fizemos o pedido para obter o estatuto de refugiado”, explica Samuel. Os cidadãos de países da América Central dominam os pedidos de asilo para o México. Tal como muitos outros, que saíram dos seus países em busca de melhores condições de vida ou apenas de segurança, Samuel assegura que não irá regressar ao seu país. “Só a morte me aguarda lá”, desabafa.

Reuters/CARLOS JASSO
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"Deixei a nossa casa em El Salvador por causa da violência. Já perdi um filho num tiroteio, só quero viver em paz com os meus filhos no México ou nos EUA"
"Deixei a nossa casa em El Salvador por causa da violência. Já perdi um filho num tiroteio, só quero viver em paz com os meus filhos no México ou nos EUA" Reuters/CARLOS JASSO
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"Saí das Honduras por causa da violência e da extorsão por parte dos gangues"
"Saí das Honduras por causa da violência e da extorsão por parte dos gangues" Reuters/CARLOS JASSO
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"Tínhamos um pequeno negócio na Guatemala e os membros dos gangues costumavam extorquir-nos. Gostávamos de começar de novo nos EUA ou no México"
"Tínhamos um pequeno negócio na Guatemala e os membros dos gangues costumavam extorquir-nos. Gostávamos de começar de novo nos EUA ou no México" Reuters/CARLOS JASSO
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Concepcion Bautista, 39 anos: "Não vou regressar à Guatemala. Tenho fé de que seremos capazes de atravessar [para os EUA] mas por agora ficamos no México"
Concepcion Bautista, 39 anos: "Não vou regressar à Guatemala. Tenho fé de que seremos capazes de atravessar [para os EUA] mas por agora ficamos no México" Reuters/CARLOS JASSO
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"Nas Honduras é muito perigoso por causa dos gangues e eu tenho mais três filhos. O México é uma melhor oportunidade para nós"
"Nas Honduras é muito perigoso por causa dos gangues e eu tenho mais três filhos. O México é uma melhor oportunidade para nós" Reuters/CARLOS JASSO
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Edith Torres, 18 anos: "Saí das Honduras em busca de um futuro melhor quer seja no México ou nos Estados Unidos. Nas Honduras é muito difícil"
Edith Torres, 18 anos: "Saí das Honduras em busca de um futuro melhor quer seja no México ou nos Estados Unidos. Nas Honduras é muito difícil" Reuters/CARLOS JASSO
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"Deixei as Honduras por causa da violência, das ameaças e da extorsão. Estava farta de trabalhar arduamente e ter de entregar dinheiro aos gangues todas as semanas"
"Deixei as Honduras por causa da violência, das ameaças e da extorsão. Estava farta de trabalhar arduamente e ter de entregar dinheiro aos gangues todas as semanas" Reuters/CARLOS JASSO
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