Requalificação do Cais do Sodré e do Campo das Cebolas avança em 2015

O vice-presidente da Câmara de Lisboa diz que a Associação Turismo de Lisboa ainda terá de avaliar se estes investimentos vão ser financiados com verbas da Taxa Municipal Turística.

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Projecto para o Campo das Cebolas Carrilho da Graça, arquitectos

A requalificação da frente ribeirinha de Lisboa deverá ganhar um novo fôlego este ano, com o início da reabilitação do Cais do Sodré e do Campo das Cebolas e com a conclusão do projecto, senão mesmo com o arranque das obras, de criação de um espaço museológico dedicado às descobertas na Ribeira das Naus.

Estes são alguns dos projectos que a Associação Turismo de Lisboa (ATL) considera “essenciais para posicionar Lisboa num novo patamar de excelência turística” e que se prevê que sejam desenvolvidos ao longo de 2015, conforme foi anunciado esta sexta-feira em conferência de imprensa.

Aos projectos já enunciados juntam-se outros, como a criação de acessibilidades assistidas à Colina do Castelo, em Lisboa, o desenvolvimento do projecto de abertura ao público do Palácio Marquês de Pombal, em Oeiras, e a abertura de um novo centro interpretativo em Sintra, que deverá acontecer antes do verão. De acordo com o presidente-adjunto da ATL, Mário Machado, já em curso estão a criação de grupos de trabalho “para desenvolvimento das centralidades Arrábida e Arco do Tejo” e a “selecção de temas e desenvolvimento de conteúdos” para um conjunto de roteiros temáticos intitulados “Lisbon stories”.

Na sua intervenção, o vice-presidente da Câmara de Lisboa, que preside à ATL, destacou a importância de se “continuar o esforço de requalificação da frente ribeirinha”, através da concretização dos projectos já anunciados para o Cais do Sodré e para a área entre o Terreiro do Paço e o futuro terminal de cruzeiros de Santa Apolónia. Fernando Medina afirmou ao PÚBLICO que tudo está a ser feito para que essas empreitadas tenham início este ano e revelou prudência quando questionado sobre se esses investimentos serão financiados com receitas da Taxa Municipal Turística: “No seio da ATL vamos chegar a um entendimento, vamos discutir quais os projectos prioritários que devem ser financiados desde já”.

Certo é que, ao contrário do que chegou a ser dito quando foi anunciada a criação dessa taxa, a câmara não irá investir na criação de um centro de congressos no Pavilhão Carlos Lopes. “Julgámos que havia uma dose maior de consenso e constatámos recentemente que não existiria”, resumiu Fernando Medina, sublinhando no entanto que se houver um investidor privado que assuma essa iniciativa “a câmara verá com muito bons olhos e apoiará, dentro das suas competências”.   

Quanto à criação de um espaço museológico dedicado às descobertas na Ribeira das Naus, o autarca socialista adiantou que a câmara está neste momento “a dialogar com a Marinha” com vista à concretização desta intenção, acrescentando que a sua ambição é que em 2015 se consiga ir além do desenvolvimento do projecto, passando-se do papel à obra.

Em relação à entrega ao município da Estação Sul e Sueste para instalação de uma “gare marítimo-turística”, algo que António Costa vem reivindicando há vários anos, Fernando Medina mostra-se menos optimista. “Esperamos este mandato conseguir chegar a um entendimento com o Governo”, declarou.  

A conferência de imprensa desta sexta-feira serviu também para apresentar “os principais números do turismo de Lisboa em 2014”. Números que, no entender de Mário Machado, demonstram que a região “teve uma performance a todos os títulos extraordinária”.

No ano que passou, Lisboa foi a cidade da Europa em que o número de dormidas mais cresceu em relação ao ano anterior, tendo-se registado uma subida de 15,5%. Se se olhar para o número de dormidas de estrangeiros, na capital portuguesa verificou-se um aumento de 15,3%, o que a coloca em segundo lugar a nível europeu, atrás de Londres. Também a taxa de ocupação dos quartos, o preço médio por quarto vendido e o preço médio por quarto disponível cresceram de 2013 para 2014.

Este ano, a previsão da ATL é que na cidade de Lisboa abram as portas 20 novos hotéis, com mais de 1600 quartos. Questionado sobre se temia que esses números se revelassem excessivos, o presidente da ATL respondeu que “não”. Não só porque “as taxas de ocupação têm subido e o rendimento por quarto disponível também”, mas também porque Fernando Medina acredita que “os investidores são as melhores pessoas para avaliar” se se justifica avançar com a instalação de novas unidades hoteleiras.

E que expectativas tem a ATL para o ano que agora se iniciou? “A nossa ambição é máxima e estamos a trabalhar para isso”, disse o socialista, que antes defendera que o crescimento do turismo a que se tem assistido em Lisboa é fruto de “um trabalho de longo fôlego, de grande persistência e continuidade ao longo dos anos”.  

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