Prédio polémico afasta-se da Igreja das Caxinas mais dois metros

Câmara de Vila do Conde vai ter de indemnizar promotor.

Foto
Quando o prédio começou a ser visível, a paróquia contestou o afastamento e, posteriormente, os dois autarcas reconheceram que a dimensão do prédio era um “erro urbanístico” Maria João Gala

A presidente da Câmara de Vila do Conde anunciou este sábado que chegou a um acordo com o promotor do prédio que está a ser construído junto à Igreja das Caxinas e, assim, o imóvel vai recuar, em toda a sua extensão (lateral sul), “mais dois metros” em relação ao muro do templo.

Desse modo, a via pedonal que separará os dois edificados – e que ligará as Avenidas Infante D. Henrique e de Carlos Pinto Ferreira - terá “seis metros e nalguns pontos poderá chegar aos 6,5 metros” o que, no entender de Elisa Ferraz, corresponde às pretensões dos responsáveis da Igreja, nomeadamente às do pároco Domingos Araújo.

A autarca considera que o centro da controvérsia está no afastamento entre edifícios e começou a conferência de imprensa realçando inclusive que a “distância ultrapassará os 12 metros” já que entre o muro e a parede do templo ainda há um espaço livre.

O certo é que das negociações não saiu qualquer alteração na volumetria no edifício e a Igreja que tem a configuração de um barco continuará a ter como vizinho um prédio com16 metros de altura, correspondentes à soma do rés-do-chão com quatro pisos. Haverá somente “uma pequena alteração” no tamanho das varandas viradas para o local onde os católicos prestam o culto ao padroeiro da localidade.

O aumento da distância será obtido à custa do “acerto” da tipologia de alguns dos 12 fogos previstos e do tamanho de um dos quatro estabelecimentos desenhados para o piso térreo. Para isso, a Câmara terá de ressarcir o promotor. Segundo Elisa Ferraz, o valor da indemnização a pagar pela Câmara será calculada por um “tribunal arbitral”.

A autarca justificou que não era possível encaminhar “o processo para possíveis soluções que não têm qualquer enquadramento legal, que não permitem uma solução no imediato. Assim, a obra pode continuar e vemos o problema resolvido”. “Quaisquer outras situações como algumas que foram levantadas, significariam que ficaríamos ali com uma obra sem seguimento. E por anos”.

 A única voz que propôs uma solução concreta foi a do seu antecessor, Mário Almeida, que preconizava a alteração do volume do prédio, terminando em forma de “escada” para o lado da Igreja nem que para tal fosse necessário avançar para a expropriação da parte imprescindível para o efeito.

Curiosamente foi no mandato de Mário Almeida que correu grande parte do processo do espaço onde está a nascer o prédio. Houve uma operação de loteamento em 1983, um aditamento em 2008 e Mário Almeida propôs a venda do lote em causa na última reunião do executivo a que presidiu. Porém, a transacção só foi concluída e a construção licenciada, no mandato de Elisa Ferraz.

Quando o prédio começou a ser visível, a paróquia contestou o afastamento e, posteriormente, os dois autarcas reconheceram que a dimensão do prédio era um “erro urbanístico”. Para tentar atenuar ainda mais a contestação ao surgimento de uma “parede” de betão ao lado da Igreja, Elisa Ferraz tem esgrimido – como voltou a fazê-lo na conferência de imprensa – o facto de a autarquia estar a concluir a negociação para a compra de uma casa encostada à parede da Igreja (a nascente confrontado com a Avenida do Dr. Carlos Pinto Ferreira) que será demolida assim como uma outra edificação contígua que já pertence ao município. A ausência das duas habitações permitirá desafogar a pressão do betão sobre uma igreja com linhas arquitectónicas peculiares.
 

   





Sugerir correcção
Ler 9 comentários