Porto: derrocada de fachada de prédio na Rua Formosa

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O incidente ocorreu ontem cerca das 23h00 Paulo Pimenta

Não provocou feridos a derrocada de parte da fachada dos antigos armazéns Lã Maria que, às 22h45, deixou o troço da Rua Formosa compreendido entre as ruas do Bonjardim e de Sá da Bandeira, na Baixa do Porto, cheio de blocos de granito de grandes dimensões, bocados de madeira e ferros retorcidos.

Com muito tráfego de peões e automóveis durante o dia, devido ao comércio de Sá da Bandeira e Bonjardim, a Rua Formosa, e este troço em particular, fica praticamente deserta durante a noite, altura em que a preponderância dos prédios devolutos, como o do armazém Lã Maria se torna mais evidente.

Ainda assim, segundo Abdellah Bouazzá, português de origem marroquina que reside na rua há 26 anos, o incidente de ontem esteve perto de provocar consequências graves. Abdellah conta que veio à varanda de sua casa, do lado oposto ao dos armazéns, fumar um cigarro após o jantar. E que ainda viu o edifício “começar a estalar, a encher, como se estivesse a engordar”, antes de tombar pesadamente, num longo estrondo que outros vizinhos pensaram ser um tremor de terra. Conta ainda que os enormes blocos de granito caíram segundos após a passagem de um automóvel, que passou rápido para aproveitar o semáforo amarelo do cruzamento de Sá da bandeira, e segundos antes da chegada de um segundo carro, cujo condutor assistiu ao início da derrocada e se afastou do local em marcha atrás. Do edifício de dois pisos ficou apenas em pé a fachada do rés-do-chão.

Acorreram ao local o Batalhão de Sapadores Bombeiros (BSB) e os Bombeiros Voluntários do Porto, que estão sedeados a centena e meia de metros, na Rua Rodrigues Sampaio. Não ouviram o estrondo e foram alertados por uma moradora da Rua Formosa que, em pânico, correu até lá a dar o alerta, numa altura em que ainda não se sabia, com certeza, que não havia vítimas sob as pedras.

Segundo o chefe Morais, do BSB, previa-se que a remoção dos destroços, pelo peso e dimensão de alguns blocos, fosse morosa, e exigiria maquinaria pesada pelo que este troço da rua permanecerá interdita a todo o tipo de circulação durante todo o dia de hoje, pelo menos. Além da PSP acorreram também ao local vários elementos da Divisão de Segurança e Salubridade da Câmara Municipal do Porto, que estiveram a estudar, e convocar, os meios necessários à operação de remoção dos destroços.

Ainda de acordo com o chefe Morais do BSB, a parte do 1.º andar do armazém Lã Maria que não caiu será também demolida por uma questão de segurança. A antiguidade e ausência de conservação do imóvel – devoluto há cerca de 30 anos -, conjugadas com as infiltrações de água, eventual apodrecimento de madeiras e a chuva intensa que ontem à tarde caiu sobre o Porto estarão na origem da derrocada.

Ainda assim, afastou a urgência de proceder a uma análise das condições de segurança de outros edifícios devolutos da zona. “Essa situação está salvaguardada porque esse trabalho está a ser feito há bastante tempo pela Câmara do Porto”, argumentou.

Ladeada pelo prédio muito mais recente, mas igualmente devoluto, do antigo Banco do Brasil – nos últimos anos, este prédio foi vandalizado e assaltado, levaram-lhe os elementos de alumínio – e pela Travessa de Sá da Bandeira, mais conhecida por Viela da Casa Forte, que também foi fechada por uma questão de segurança, o armazém Lã Maria integra-se no chamado Quarteirão de D. João I, um dos quarteirões de intervenção da Sociedade de Reabilitação Urbana Porto Vivo. O contrato de reabilitação foi celebrado há cerca de um ano entre a Porto Vivo e dois fundos de investimento imobiliário do Grupo Millenium BCP: o IMO Participação e o AF Portfólio Imobiliário, que entregaram a promoção do local à John Neil & Associados. O início das obras foi então anunciado para o início do Verão deste ano.

Notícia alterada às 09h31
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