Os incêndios no Funchal estavam controlados ao início da manhã, mas em Santa Cruz as chamas chegaram à vila da Camacha e já atingiram habitações. Por prevenção, os utentes do centro de saúde local e dos alunos da escola do Santo Condestável foram retirados mas por volta das 11h regressaram às instalações.

O incêndio deflagrou às 7h, entre a zona de Águas Mansas e a central de tratamento de resíduos sólidos da Meia Serra, uma zona florestal “muito rica”, como disse ao PÚBLICO o presidente da Câmara de Santa Cruz, José Alberto Gonçalves. O autarca admite que a situação “é muito complicada”.

A preocupação inicial foi evitar que a central fosse atingida pelas chamas, mas com a propagação do fogo para o centro da vila as atenções viraram-se para o centro de saúde e para a escola daquela localidade, que foram evacuados. Por volta das 11h, o fogo acalmou nessa zona e as pessoas puderam regressar, com o centro de saúde a funcionar normalmente.

As chamas deram tréguas nessa zona mas dirigiram-se para o Rochão, levando ao corte da estrada nova entre a Camacha e o Santo da Serra. Os bombeiros instalaram-se nesse local a combater as chamas, que atingiram uma zona residencial. Por volta das 11h20, a situação piorou na zona da Quinta das Almas, com as chamas a lavrar com mais intensidade empurradas pelas fortes rajadas de vento.

No Caminho dos Salgados, várias casas foram destruídas – no local, o PÚBLICO contabilizou seis, algumas apenas parcialmente destruídas, mas é ainda difícil ter um número certo – apesar da intervenção dos bombeiros e dos moradores, que tentam apagar o fogo com mangueiras e baldes.

“O fogo está longe de estar extinto ou controlado. As próximas horas serão determinantes para saber a dimensão dos danos”, disse à Lusa Martim Gouveia, presidente da Junta de Freguesia de Santo António da Serra, destacando não ter qualquer informação de que o incêndio tenha desalojado alguém ou danificado habitações.

Já os fogos que deflagraram ontem no Funchal, destruindo casas e desalojando vários habitantes, foram controlados na madrugada desta quinta-feira.

O incêndio no Palheiro Ferreiro foi controlado ainda durante a madrugada e entrou em fase de rescaldo por volta das 4h. Vários elementos dos bombeiros estão de prevenção na zona afectada para uma eventual resposta em caso de necessidade.

O ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, chegou à Madeira ao final da manhã e esteve com o presidente do Governo regional, Alberto João Jardim, a fazer uma visita rápida pela Camacha e por Palheiro Ferreiro. À tarde, os dois governantes vão estar reunidos na residência oficial do presidente, na Quinta da Vigia. Miguel Macedo vai também visitar a freguesia da Ponta do Pargo, onde desde o início da semana se registam fogos florestais.

Entretanto, Alberto João Jardim anunciou que a festa da reentré do PSD da Madeira, no Chão da Lagoa, que estava marcada para este fim-de-semana vai ser adiada para 9 de Setembro (inicialmente tinha sido avançada a data de 5 de Agosto) devido aos incêndios. “A altura não é para festas”, justificou o líder regional do partido.

O Partido Ecologista “Os Verdes” já veio manifestar a sua preocupação “ com a gravidade dos incêndios que estão a atingir a Madeira”. Sublinhando a sua “solidariedade” com a população, comprometem-se “a tudo fazer na Assembleia da República para que sejam ponderados apoios financeiros específicos, no quadro do Orçamento de Estado, para reflorestação das zonas ardidas e apoio às populações afectadas”. Em comunicado dizem recear que estes incêndios “possam ter repercussões ambientais ainda mais danosas nos próximos invernos”.

“Os Verdes” lamentam ainda a “imensa falta de meios de combate” e a “grande incompreensão do poder político” relativa às condições de trabalho dos bombeiros locais, saudando a “coragem” dos que combatem as chamas na Madeira.