Este ano, o Moontosinhos vai aos Hospitalários de Leça do Balio

Feira medieval no Mosteiro de Leça do Balio, em Matosinhos, começa esta quinta-feira e estende-se até domingo

Foto
Fernando Veludo/Nfactos

A brincar, a brincar já há dez anos que o Mosteiro de Leça do Balio, em Matosinhos, parece transferir-se, durante um fim-de-semana prolongado, para a Idade Média, com a recriação da feira medieval d’Os Hospitalários no Caminho de Santiago. Como é habitual, nas imediações do mosteiro não faltarão malabaristas, jograis e peregrinos, vão realizar-se torneios e, para terminar, haverá a recriação do casamento de D. Fernando com Dona Leonor Teles, que ali aconteceu em 1372. Mas, em data de aniversário redondo, a Câmara de Matosinhos quis acrescentar algo mais à festa e a noite ganhou outra importância.

É à noite que, pela primeira vez, uma edição da Moontosinhos – visitas nocturnas, em noite de lua cheia, guiadas pelo historiador Joel Cleto, a locais associados a lendas e mitos do concelho – se associa aos Hospitalários, levando os “peregrinos” que se queiram inscrever num passeio entre a Capela de Santo António do Telheiro, em São Mamede de Infesta, e o mosteiro. “Resolvemos fazer um Moontosinhos especial, pelos caminhos de Santiago, dentro de Matosinhos. O percurso começa na ermida de Santo António de Telheiro, que tem esse nome porque diz a lenda que Santo António se abrigou num telheiro que ali havia, quando ia a caminho de Santiago de Compostela, e que, apesar de a zona ser fustigada por uma enorme tempestade, nessa noite, que levou os telhados todos em redor, o telheiro ficou intacto”, explica o vereador da Cultura, Fernando Rocha.

O autarca de Matosinhos diz que o caminho segue por “capelas e alminhas” que foram sendo construídas, ao som das palavras de Joel Cleto, que irá relembrar histórias de “almas penadas” e tudo o mais que por ali se terá passado (ou não), até terminar no recinto dos Hospitalários, onde os participantes serão recebidos “com a teatralização do que seria a chegada dos verdadeiros peregrinos, com o lava-pés, o dar de comer, o matar da sede”, explica. O grupo será depois convidado a participar no cortejo de ordenação dos cavaleiros da Ordem de S. João de Jerusalém, antes de serem transportados, em autocarro, para o ponto de partida da curta peregrinação de cerca de seis quilómetros. A participação nesta edição do Moontosinhos, agendada para a noite de sábado, é sujeita a inscrição prévia, até às 17h desta quinta-feira, nos postos de turismo do concelho e mediante o pagamento de 1 euro – o valor de entrada no recinto da feira medieval, que está incluído na inscrição.

Fernando Rocha assume que a feira se tem mantido “constante” nos últimos anos e explica: “Não temos permitido que ela cresça muito porque, por um lado, não temos muito espaço, e, por outro, temos receio que se ela crescer muito pode gerar alguma descaracterização e quebra no rigor”, diz. Contudo, a câmara não põe de lado que, no futuro, o espaço se possa estender para um terreno privado nas imediações, libertando um pouco mais o acesso ao largo onde está instalado um cruzeiro com 500 anos, classificado como monumento nacional, e que foi vandalizado em Abril deste ano.

O vereador refere que a Direcção Regional de Cultura do Norte ainda está a trabalhar no restauro da peça e que o desejo da autarquia é que, no futuro, o cruzeiro original restaurado seja substituído por uma réplica, transferindo-se o original para o futuro Museu da Cidade. Mas nada está ainda definido.

A feira medieval dos Hospitalários começa esta quinta-feira pelas 17h e termina ao final do dia de domingo. Este ano, também será possível realizar visitas guiadas nocturnas ao mosteiro, que durante anos acolheu a ordem religiosa-militar conhecida como Hospitalários, que dava abrigo e assistência aos peregrinos a caminho de Santiago de Compostela.

Sugerir correcção
Comentar