Cerca de uma centena de bombeiros combatem incêndio industrial no Cachão

Fogo lavra numa zona de armazenamento de materiais em plástico e mobiliza várias corporações dos distritos de Bragança e Vila Real.

Um incêndio na zona de armazenamento de materiais de plástico de uma fábrica do antigo Complexo Agro-Industrial do Cachão, concelho de Mirandela, está a ser combatido por 97 bombeiros de várias corporações dos distritos de Bragança e Vila Real.

Segundo fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Bragança, o alerta foi dado às 21h05 e as chamas continuam por controlar. De acordo com a mesma fonte, a prioridade, neste momento, é evitar a propagação do incêndio a fábricas vizinhas, nomeadamente uma unidade de transformação de castanha.

Não há registo de feridos, mas o Instituto Nacional de Emergência Médica montou, por precaução, um posto avançado no local.

A empresa atingida pelas chamas é a Mirapapel, uma unidade de gestão de resíduos, especializada na recolha, triagem e valorização de papel, vidro, plástico, óleos alimentares e biomassa, bem como de sucatas e componentes automóveis, que comercializa.

Às 0h26, fonte do CDOS de Bragança dizia ao PÚBLICO que, embora ainda não pudesse ser considerado "circunscrito", o incêndio estava a ser "contido" no interior da fábrica onde deflagrou.

Cerca de duas horas mais tarde, o comandante distrital de Bragança das operações de socorro, Noel Afonso, adiantou à Lusa, no local, que as operações no terreno iam ainda “demorar muitas horas”, dado que o armazém tomado pelas chamas "continha milhares de toneladas de plástico para reciclagem”.

“Já não há perigo para as outras unidades, neste momento os meios estão todos estrategicamente colocados, em simultâneo a fazerem ataque às chamas e protecção dos edifícios contíguos”, assegurou. O combate a este tipo de incêndio é “mais complicado devido ao material altamente inflamável e a uma quantidade muito grande, milhares de toneladas, que estavam armazenadas e que tornam a operação mais complexa e morosa”, explicou.

A perspectiva “é de uma operação que se vai arrastar durante muitas horas”, disse Noel Afonso, antevendo que os bombeiros teriam de permanecer no local na operação de rescaldo, necessariamente “muito morosa com necessidade de maquinaria pesada para remover todo o material queimado”.

O comandante previa também que, nas primeiras horas desta quarta-feira, “não será muito fácil, em termos logísticos, as fábricas [do complexo] laborarem porque os meios dos bombeiros estão a ocupar o perímetro”.

Mais de cinco horas depois do início do fogo, o administrador do complexo do Cachão, António Ramalho, ficou menos preocupado, depois de inicialmente ter temido a propagação das chamas a outras unidades como as fábricas adjacentes de transformação de castanha e extracção de óleos.

O incêndio não pôs em causa também qualquer posto de trabalho. Segundo o administrador, como deflagrou num armazém, a empresa afectada sofre apenas “a perda do edifício e da matéria-prima”. A administração do “Cachão” ainda não tinha conseguido contactar o empresário proprietário do armazém.

Os responsáveis locais não têm ideia de como o fogo poderá ter começado e já comunicaram o caso à Polícia Judiciária para investigar as causas. O administrador garantiu à Lusa que “nunca tinha acontecido uma situação idêntica, desde que o Cachão existe", ou seja, desde a década de 1960.

O antigo Complexo Agro-Industrial do Cachão (CAICA) recebeu o nome da aldeia onde está instalado e foi durante largos anos o principal empregador da região, mas acabou por falir. Em 1993, as Câmaras de Mirandela e Vila Flor assumiram a administração do antigo complexo, agora denominado AIN-Agro Industrial do Nordeste.

O complexo nunca regressou aos tempos áureos em que empregou mais de mil pessoas na transformação de produtos agrícolas. Actualmente estão instaladas no local, segundo o administrador António Morgado, oito empresas, mais um matadouro, alguns pequenos produtores de mel, uma associação e um restaurante de apoio ao complexo. “Ao todo são perto de cem postos de trabalho”, estimou António Morgado.

 


 
 
 
 

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