Autarca de Gaia alerta Governo para riscos na Cerâmica das Devesas

Fábrica, ou o que resta dela, está em classificação. Mas corre sérios riscos de ruína.

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Fernando Veludo/nfactos

Eduardo Vítor Rodrigues pede que a secretaria de Estado se pronuncie, com urgência, sobre as medidas que considere necessárias para salvaguardar o imóvel. Queixando-se de, até agora, não ter tido qualquer resposta aos ofícios enviados anteriormente á tutela da Cultura, o autarca socialista lembra que o município não “pode determinar livremente quais os trabalhos que devem ser realizados ou optar por outras medidas mais definitivas”, por estar em curso um processo de classificação.

“Esta autarquia reconhece o valor cultural, arquitectónico e histórico dos edifícios que compõem a antiga Cerâmica das Devesas e, por esse motivo, tem procurado acompanhar a situação dos mesmos, adoptando sempre que necessário as diligências adequadas a evitar a ocorrência de quaisquer danos para pessoas e bens, não abdicando da sua classificação”, escreve o presidente da Câmara. Que alerta para os riscos de colapso da cobertura de um dos edifícios voltado para a Rua Conselheiro Veloso da Cruz, “uma artéria principal, muito movimentada, de acesso à estação das Devesas”, acrescenta.

A Cerâmica das Devesas é um complexo de três edifícios implantado à face de três ruas da cidade de Gaia. Uma pequena parte do espaço ainda está ocupada com uma oficina de automóveis e, noutra área, existe um pequeno negócio, mas o resto do complexo está devoluto e tem sido alvo de assaltos. Nos quais, para além de peças de cerâmica desta unidade onde trabalhou o artista Teixeira Lopes, têm sido roubadas peças de suporte da estrutura, como vigas em ferro. Por causa disto, nos últimos anos têm-se sucedido os desmoronamentos parciais, o último dos quais afectou parte de uma parede de quase 40 metros.

Há muito que a Cerâmica das Devesas é motivo de estudos académicos e a sua preservação tem sido defendida pela sociedade civil de Gaia. Em 1985 a autarquia instruiu um pedido de classificação do imóvel, mas este processo, que só viria a ser formalmente aberto pela tutela do património em 1991, acabaria por caducar em Maio de 2013. Um mês depois foi aberto novo procedimento de classificação, mas este encontra-se pendente, sem que se conheça qualquer decisão final.

A Câmara de Gaia não é proprietária do espaço, mas assume ter para o local a ambição de criar um núcleo museológico da cerâmica que preserve a memória de uma indústria que teve tradição no concelho. Por isso, Eduardo Vítor Rodrigues pede a Jorge Barreto Xavier “orientações claras no sentido da classificação definitiva deste elemento patrimonial da maior relevância para Vila Nova de Gaia e para a indústria cerâmica portuguesa”.

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