Externato Ribadouro colocou 38 alunos em Medicina

O fenómeno já não é novo mas continua a dar que falar: o Externato Ribadouro, no Porto, consegue sempre colocar um número elevado de alunos nos cursos de Medicina, onde os lugares disponíveis são invariavelmente disputadíssimos. Este ano não foi excepção: 37 estudantes entraram pelo contingente normal e um garantiu um lugar através da Academia Militar. Mas nem só de Medicina se faz a boa fama da escola: 235 dos 346 estudantes que se candidataram ao ensino superior entraram - ou seja, 68 por cento. Quase metade (44 por cento) foram colocados na primeira opção. Dos 37 alunos que ingressaram em Medicina, dois dos quais provenientes do ensino recorrente, 19 conseguiram uma vaga na Faculdade do Porto, a mesma que nos últimos anos tem liderado o "top" das instituições com média mais elevada - este ano, o último aluno entrou com 188 pontos. Antes de aceder a desvendar a receita do sucesso desta escola privada implantada na Invicta há mais de 20 anos, a directora pedagógica, Maria da Conceição Amaral, faz questão de dizer que "só na Faculdade de Ciências do Porto o externato conseguiu colocar 25 alunos". "Não queremos passar a ideia de que aqui só valorizamos os alunos de Medicina", justifica. Segundo Conceição Amaral, são vários os factores que contribuem para o bom desempenho da escola. Desde logo, a qualidade dos próprios alunos. "Por norma são esforçados, exigentes, dedicados e muito empenhados", aponta. Para além disso, nota a responsável do Ribadouro, a escola tem montada uma estratégia específica para o sucesso, concretamente para o ingresso no ensino superior."Temos mais uma hora lectiva destinada a cada disciplina, o que nos permite dar o programa sem pressas, e lá para finais de Outubro passamos a ter aulas práticas de preparação para os exames nacionais", explica Conceição Amaral. Diz ainda a directora que o externato tenta formar as turmas do ensino secundário de acordo com as preferências dos alunos, o que permite "uma melhor organização do trabalho". "Tentamos agrupar numa turma os alunos que querem seguir um curso na área de saúde, ou os que querem seguir uma engenharia, e assim é mais fácil programar uma estratégia de ensino. Os alunos que querem seguir Engenharia têm um reforço a Matemática e a Física; os que querem seguir Medicina têm reforço a Biologia e a Química", ilustra. Com esta explicação, Conceição Amaral introduz outra variável que serve para justificar o sucesso dos alunos do Ribadouro: a individualização do percurso de todos os alunos. "Professores que não gostam de ser professores não podem estar aqui""Discutimos sempre com os alunos e com os pais os objectivos de cada um. No início de cada ano apresentamos aos encarregados de educação os nossos planos pedagógicos, os programas e as nossas metodologias. E no final de cada período temos uma reunião entre os professores de cada turma e os pais, para fazer um balanço do trabalho desenvolvido. São reuniões onde todos os professores estão presentes, sem olhar para o relógio", sublinha Maria da Conceição Amaral. A qualidade e a disponibilidade do corpo docente é, de resto, outro dos trunfos do Ribadouro. "Os professores que não gostam de ser professores não podem estar aqui", diz a directora. Em regra, os docentes do ensino secundário - e que quase sempre acompanham uma turma desde o 10º até ao 12º ano - "são os mais experientes e os que sabem pegar melhor nos alunos", assegura Conceição Amaral. E dá mais um exemplo: os professores que dão o 12º ano "fazem-no há muito tempo". É o caso de António Sousa, professor de Biologia, e Fernando Morais, de Matemática, ambos do conselho pedagógico, convocados por Conceição Amaral para a conversa com o PÚBLICO porque as boas prestações do Ribadouro "resultam de um trabalho de equipa". "Os nossos alunos são encaminhados ao longo dos três anos e chegam aos exames muito bem preparados. Às vezes, alguns até dizem que os exames são mais fáceis do que os nossos testes", reforça Fernando Morais, lançando outro dado para a discussão: terão algum fundamento os boatos de que nas escolas privadas basta pagar para se ter boas notas?No caso do Ribadouro - onde um aluno do secundário paga cerca de 40 contos mensais -, a resposta é um não rotundo. "Nós somos muito exigentes com a avaliação", apressa-se a referir António Sousa, lembrando que há alunos que chegam ao externato com notas de 17 e 18 e que depois ficam surpreendidos por ver na pauta uma classificação de 10 ou 11. Até porque, realça, não é prática corrente o Ribadouro "olhar para um aluno apenas quantitativamente". "Aqui valorizamos muito a avaliação contínua. Por exemplo, não temos a política de levar a exame apenas os alunos bons. Se há um aluno que tem 9 nos dois períodos, e se é interessado e empenhado, podemos decidir dar-lhe um 10 no terceiro período. É o que costumamos chamar a política da segunda oportunidade", explica António Sousa.

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