O jamaicano Asafa Powell, 30 anos, quarto na lista dos homens mais rápidos do mundo, confessou no domingo que foi apanhado nas malhas do doping. O velocista diz ter ingerido inadvertidamente um produto estimulante proibido. No espaço de um dia, o atletismo perde duas vedetas mundiais, depois de Tyson Gay ter falhado um controlo antidoping.

Dado o valor desportivo dos dois atletas, domingo fica para a história como um dia negro para o atletismo e, em especial para a disciplina do hectómetro.

Primeiro soube-se da situação do norte-americano Tyson Gay, actual detentor da melhor marca do ano nos 100m (9,75s). Pouco depois veio a lume o caso que envolve Asafa Powell, antigo recordista mundial, que confirmou o doping em comunicado, depois de a imprensa jamaicana ter noticiado que havia cinco casos positivos nos campeonatos da Jamaica: Powell; Nesta Carter, 27 anos; e, no sector feminino, Sherone Simpson, 28 anos. Além destes, foram detectados casos positivos em mais dois atletas das disciplinas de salto e de lançamento.

Para a Federação Internacional de Atletismo (IAAF), a revelação destes casos prova que "o sistema está a funcionar". "Somos capazes de detectar e de afastar os atletas que tenham violado as nossas regras antidoping. A credibilidade do nosso programa é reforçada e não diminuída", sustenta a IAAF, numa declaração enviada à AFP e reproduzida por outras agências.

Powell apressou-se a garantir que nunca tomou voluntariamente produtos proibidos. "Não sou nem nunca fui um batoteiro", assegurou o atleta que, em termos de recorde mundial, foi o antecessor do compatriota Usain Bolt, actual detentor da melhor marca nos 100m. Powell, Carter e Simpson são velocistas de primeira linha que tinham inclusivamente conquistado ouro olímpico na estafeta 4x100m. Powell fê-lo em 2008, Carter em 2008 e 2012, e Simpson em 2004.

Quanto a Gay, que ainda é o segundo homem mais rápido do planeta nos 100m (9,69s contra os 9,58s de Usain Bolt), confirmou ter sido notificado pela agência norte-americana antidoping (USADA) de que a amostra A de um teste realizado fora de competição em Maio deu positivo, aguardando-se o resultado na amostra B.

O norte-americano, actual grande rival do jamaicano Usain Bolt, confirmou, entretanto, que não irá participar nos Mundias de atletismo, que decorrerão entre os dias 10 e 18 de Agosto, em Moscovo, Rússia.

Aos 30 anos, o triplo campeão do mundo em 2007 (100m, 200m e estafeta 4x100m) vê assim desfazer-se a hipótese de desafiar Bolt no mais importante evento mundial depois dos Jogos Olímpicos.

A 14 de Junho, um outro caso positivo ensombrou o sector da velocidade jamaicana, que tem dominado as grandes competições. Nessa altura soube-se que Veronica Campbell-Brown, 31 anos, dupla campeã olímpica dos 200m (2004 e 2008) e medalha de bronze nos 100m em Londres 2012, tinha igualmente falhado um teste antidoping.