Nas provas por si organizadas, a UEFA costuma separar equipas de países em conflito ou com desentendimentos diplomáticos e, no sorteio da fase de qualificação para o Euro 2016, condicionou o sorteio de forma a não se defrontarem Rússia e Ucrânia, Azerbajão e Arménia, e Espanha e Gibraltar. Sérvia e Albânia “escaparam” a este condicionamento e o sorteio encarregou-se de as juntar (e à selecção portuguesa) no Grupo I. Quando as duas selecções se encontraram em Belgrado, em Outubro do ano passado, todas as esperanças de um amenizar de relações entre os dois países caíram por terra quando um drone com a bandeira albanesa sobrevoou o campo, a que se seguiram confrontos entre os jogadores das duas equipas e uma invasão de campo por parte dos adeptos locais. A consequência foi uma penalização para os sérvios que destruiu as suas hipóteses de qualificação.

Nesta quinta-feira, quase um ano depois destes incidentes, Albânia e Sérvia voltam a enfrentar-se, um jogo de maior interesse competitivo para os albaneses, que ainda estão na luta pelo apuramento directo, mas a grande preocupação será a segurança do jogo em Elbasan, para a qual estarão destacados cerca de 1800 agentes, apesar de ter sido proibida a presença de adeptos da Sérvia no recinto (a excepção são 70 estudantes sérvios), tal como acontecera com os adeptos albaneses em Belgrado. Até o autor do incidente com o drone, um albanês, está proibido de assistir ao jogo, tendo sido detido pelas autoridades locais na posse de uma arma de fogo e 36 bilhetes para o encontro.

Os adeptos locais tem instruções para não assobiar o hino sérvio, mas será difícil evitar estas demonstrações de animosidade, como aconteceu ontem na chegada da comitiva sérvia a Tirana. Um dos dois autocarros que transportaram a selecção visitante foi apedrejado no caminho entre o aeroporto e o hotel.

A Albânia já tem garantido o terceiro lugar do agrupamento, mas pode ficar num dos dois primeiros lugares se se verificarem duas condições: ganhar à Sérvia e a Dinamarca não derrotar a selecção portuguesa, em Braga. Neste momento, os albaneses têm menos um ponto que os dinamarqueses, mas têm ainda dois jogos para disputar, enquanto a selecção nórdica fecha o seu apuramento em Braga. A única combinação de resultados que não interessa à Albânia é uma vitória da Dinamarca e uma derrota frente aos sérvios, que não têm mais por que lutar que não seja o orgulho. “Estamos muito motivados para mostrar que somos melhores do que o que a classificação mostra. E, devido à rivalidade, queremos dificultar-lhes a vida no que diz respeito ao apuramento”, refere Nenad Tomovic, defesa sérvio da Fiorentina.

Depois de uma fase de qualificação com alguns percalços, a Alemanha pode garantir nesta quinta-feira um lugar no Euro, bastando-lhe um empate em Dublin frente à República da Irlanda na nona jornada do Grupo D. Não parece ser uma tarefa demasiado complicada para os campeões do mundo, mas os irlandeses, para além do factor casa, têm a seu favor uma possibilidade real de qualificação directa (o terceiro lugar está quase garantido), e a motivação extra de terem conseguido empatar com os alemães nesta fase de qualificação. O que acontecer em Dublin irá influenciar o destino imediato da Polónia, que defronta a Escócia e pode qualificar-se com uma vitória e com empate ou derrota irlandesa com os germânicos.

No Grupo F, a Irlanda do Norte pode alcançar uma qualificação inédita para a fase final de um Europeu se derrotar nesta quinta-feira, em Belfast, a já afastada Grécia. Os norte-irlandeses só precisam de dois pontos nos dois jogos que restam para chegarem a uma grande competição internacional, algo que já não acontece desde o Mundial de 1986. Roménia e Hungria também estão na luta pelo apuramento directo, embora a vantagem esteja, para já dos lados dos romenos, que defrontam em casa a Finlândia. A Hungria, por seu lado, defronta as Ilhas Feroé e está à espera de deslizes dos dois primeiros para se reaproximar da qualificação directa.