"Novela mexicana" com final feliz

México vence os Camarões (1-0) no segundo jogo do Mundial do Brasil, novamente marcado por arbitragem polémica.

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O momento do golo de Peralta Toru Hanai/Reuters
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Oribe Peralta celebra o golo da vitória Jorge Silva/Reuters
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Samuel Eto'o teve uma boa ocasião para marcar Yuri Cortez/AFP

Depois de a festa no Itaquerão no arranque com o pé direito do Brasil na sua “Copa” ter ficado marcada por um penálti polémico, o segundo dia do Mundial 2014 começou com a arbitragem novamente a acusar sinais de ressaca. Um Estádio das Dunas bem composto foi o palco da vitória do México sobre os Camarões por 1-0 no segundo jogo do torneio, que não decorreu no mesmo dia que o inaugural pela primeira vez desde 2002.

Num grupo A em que o anfitrião e uma talentosa Croácia partiram como favoritos a garantirem a passagem à segunda fase, México e Camarões entraram em campo em Natal sabendo que uma derrota poderia comprometer seriamente as suas aspirações na prova.

A selecção mexicana entrou melhor em campo, frente a uns Camarões com dificuldades em organizarem-se tacticamente perante o 3x5x2 montado pelo seleccionador Miguel Herrera. Os “Leões Indomáveis” apresentaram-se com Song, M’Bia e Enoh num meio campo que, apesar de muito físico e agressivo, somou algumas perdas de bola em zonas proibidas, exploradas pelos “El Tri” através da velocidade dos seus jogadores, nomeadamente da dupla Oribe Peralta e Giovani dos Santos.

O jogador do Villarreal viria mesmo a ser um dos protagonistas do jogo. Ainda com 11 minutos decorridos, o avançado mexicano viu um golo anulado, após cruzamento do portista Hector Herra (titular e substituído já depois do minuto 90), por alegado fora-de-jogo. A repetição comprova que o auxiliar do árbitro colombiano Wilmar Roldan não teve razão.

Os Camarões acordaram com o susto e começaram a equilibrar a partida. Mais objectiva no ataque e a chegar com mais facilidade à área de Guillermo Ochoa, a equipa africana foi criando as suas melhores oportunidades através do seu capitão e referência, Samuel Eto’o.

O experiente jogador de 33 anos dispôs, inclusive, da melhor oportunidade dos Camarões no primeiro tempo: numa excelente iniciativa individual pelo flanco esquerdo, Benoit Assou-Ekotto escapa a Herrera e Aguilar antes de cruzar rasteiro para o jogador do Chelsea enviar a bola ao poste.

O México conseguiu equilibrar o jogo, disputado debaixo de intensa chuva, e, à passagem da meia-hora de jogo, Giovani dos Santos volta a colocar a bola no interior da baliza de Charles Itandje na sequência de um canto. O mesmo auxiliar volta a invalidar o lance, não ficando explícito o motivo após várias repetições.

Ainda antes do fim da primeira parte, o avançado mexicano voltaria a queixar-se da arbitragem, desta vez de um penálti num lance dividido com o central Chedjou.

Ao intervalo, o alemão Volker Finke, seleccionador dos Camarões, trocou Djeugoue por Nounkeu no lado direito da defesa africana, mas foi, novamente, o México a começar por cima. Logo aos dois minutos do segundo tempo, lançado por dos Santos, Oribe Peralta surgiu na cara de Itandje mas o guarda-redes camaronês, com uma boa mancha, adiou o golo ao avançado mexicano.

Os “Leões Indomáveis” voltaram a equilibrar o encontro, apesar da superior posse de bola dos mexicanos, e de novo com Assou-Ekotto em evidência. Na cobrança de um livre em zona frontal, a tentativa do defesa esquerdo em visar a baliza de “Memo” Ochoa desvia na barreira, apanha em contrapé o guarda-redes dos “Sombreros” e passa a centímetros do poste.

Cinco minutos depois, à passagem da hora de jogo, o único golo oficialmente validado na partida: numa boa jogada de entendimento do ataque do México, Herrera desmarca Giovani dos Santos que, frente a Itandje, permite nova boa intervenção do guarda-redes. Na sequência, Peralta antecipa-se à defesa camaronesa e faz a recarga para o 1-0.

Com meia-hora ainda para jogar, os Camarões mostraram muita vontade mas criaram poucas oportunidades de real perigo. O México foi controlando o jogo com Miguel Herrera a refrescar o meio campo e ataque da equipa: Fabián e Javier Hernández substituíram Guardado e Peralta, respectivamente.

Só nos cinco minutos finais, e já depois da entrada de Pierre Webó para o lugar de Alex Song, é que os africanos estiveram realmente perto da igualdade por duas ocasiões, ambas com o mesmo protagonista: Benjamin Moukandjo. Aos 86 minutos, o extremo do Nancy rompeu com perigo na área mexicana mas definiu mal o último passe, e depois, já aos 91, a cruzamento de Assou-Ekotto, cabeceou à baliza, obrigando Ochoa à defesa mais vistosa da tarde.

Antes do apito final ainda houve tempo para uma perda de bola infantil da defesa camaronesa que permitiu um falhanço inacreditável a “Chicharito”, o avançado do Manchester United que, em antevisão à partida, confessou estar “farto que lhe chamem de super-suplente”.

O México começa com o pé direito o Mundial. Desde 1994 que a equipa não falha o acesso aos oitavos-de-final do campeonato do mundo. Já os “Leões Indomáveis”, com esta derrota, terão que contrariar a história para seguir em frente: na única vez que passaram a fase de grupos, em Itália ’90, tinham obtido a sua única vitória em jogos inaugurais, frente à então campeã do mundo em título, Argentina, por um golo sem resposta.

A selecção mexicana junta-se assim ao Brasil na liderança do grupo A, com três pontos. Ambas as equipas vão agora defrontar-se a 17 de Junho, na segunda jornada, enquanto os "Leões Indomáveis" e a Croácia, que arrancam o Mundial sem pontos, encontram-se a 18 de Junho. Editado por Nuno Sousa

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