Contra o clima, a baixa intensidade é a chave

Portugal vai enfrentar temperaturas altas e muita humidade em Manaus, onde até já há quem tenha tido alucinações.

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A hidratação é fundamental durante um jogo de futebol Reuters

O calor é tanto que faz lembrar uma sauna permanente. Os termómetros vão estar próximos dos 30ºC e a humidade vai rondar os 80%. É este o ambiente que espera a selecção portuguesa no embate deste domingo frente aos Estados Unidos em Manaus, em pleno coração da selva amazónica.

Apesar de o jogo estar marcado para as 18 horas locais – o horário mais tardio para os jogos do Mundial – as condições meteorológicas vão ser bastante diferentes daquelas a que os jogadores estão habituados na Europa. Em Lisboa, por exemplo, o dia de domingo vai ter temperaturas perto dos 15ºC, metade do que vão sentir Cristiano Ronaldo e companhia.

Mas, mais do que as temperaturas altas, é a elevada humidade que é o factor de maior preocupação. Quem já lá jogou sabe do que fala. Claudio Marchisio, que participou no primeiro jogo na Arena Amazónia entre a Itália e a Inglaterra, disse que chegou a ter alucinações por causa do calor e da humidade. A verdade é que as alucinações de Marchisio não o impediram de marcar um grande golo, ajudando a squadra azzurra a vencer o jogo.

Em termos fisiológicos, a humidade em larga escala “torna a sudação mais difícil”, explica o antigo preparador físico da selecção nacional, José Soares, contactado pelo PÚBLICO. “Os atletas têm mais dificuldades em arrefecer o corpo e há mais gastos de energia”, acrescenta.

Para combater as condições adversas, há uma série de cuidados que jogadores e equipa técnica deverão ter. José Soares sublinha a hidratação constante, “um aquecimento menos intenso” e “que os jogadores estejam o menos possível ao sol”.

Todos estes cuidados são necessários, uma vez que “a aclimatação pressupõe uma estadia [no local] relativamente prolongada”, o que não aconteceu. A comitiva da selecção portuguesa viajou de Campinas – onde o tempo é mais ameno – para Manaus apenas na sexta-feira, tal como a selecção norte-americana.

A opção, na óptica de José Soares, é sobretudo de ordem logística, uma vez que as condições meteorológicas são diferentes para os três locais onde Portugal joga durante a fase de grupos (Salvador, Manaus e Brasília). “É difícil fazer um planeamento para três condições diferentes”, observa.

Dentro das quatro linhas é expectável, “mesmo de um ponto de vista táctico, um jogo mais pausado”, com “menos intensidade”, prevê o ex-técnico, que esteve na comitiva da selecção no Mundial 2002. Entre as potenciais “vítimas” das condições em Manaus estão “os jogadores mais em foco” e aqueles “que têm menos tempo de recuperação” entre acções desgastantes, nota José Soares.

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