Consistência a toda a prova deixa o Benfica numa posição invejável

A primeira parte do campeonato foi praticamente perfeita para a equipa de Jorge Jesus, que conseguiu superar a saída de jogadores importantes e deixou os rivais para trás na tabela.

Foto
Lima celebra um dos seus dois golos no Dragão AFP/FRANCISCO LEONG

Quando, durante o Verão, a Luz viu partir Oblak, Garay, Siqueira, Markovic ou Rodrigo, jogadores habitualmente titulares às ordens de Jorge Jesus em 2013-14, os alarmes soaram. Mas o técnico pegou nas ferramentas que tinha ao dispor e conseguiu que as mudanças não fossem demasiado evidentes. A rápida adaptação de reforços como Júlio César, Talisca e Jonas também ajudou, assim como a capacidade de resposta de alguns jogadores de segunda linha. “Neste jogo [frente ao Penafiel, da 15.ª jornada] voltámos a não ter o Luisão, o Samaris, o Eliseu, o Enzo Pérez já foi embora, o Salvio... São cinco titulares. Em cinco meses fizemos duas equipas”, sublinhava recentemente Jorge Jesus.

O conhecimento que o treinador do Benfica tinha da maioria dos seus jogadores foi uma das vantagens dos “encarnados” relativamente aos rivais FC Porto e Sporting, ambos com técnico novo. E reflecte-se na classificação da primeira metade do campeonato: a equipa de Jorge Jesus soma 46 pontos, mais seis do que os “dragões” e mais dez do que os “leões”. Os três emblemas sofreram apenas uma derrota, mas a diferença faz-se na quantidade de pontos que deixaram escapar em empates. Houve apenas uma igualdade para o Benfica, contra quatro da equipa de Julen Lopetegui e seis do conjunto orientado por Marco Silva.

Em comparação com a época passada – em que o campeonato era disputado a 16 equipas, portanto a primeira volta terminou à jornada 15 – o Benfica repete a liderança. Em 2013-14 os “encarnados” completaram a primeira metade do campeonato com dois pontos de avanço sobre o Sporting e três em relação ao FC Porto. Uma outra comparação pode ser estabelecida, a título ilustrativo, com a temporada 2005-06 (a última com a I Liga a 18 equipas, antes do alargamento que entrou em vigor este ano). À 17.ª jornada o FC Porto liderava com 40 pontos, mais seis do que Benfica e Nacional da Madeira. O Sporting surgia apenas no quinto lugar, com 30 pontos – menos dois do que o Sp. Braga. Se, na altura, eram dez os pontos a separar o primeiro do quinto classificado, agora essa diferença cifra-se em 15 pontos.

Dados da agência Lusa mostram que o aproveitamento do Benfica nesta primeira volta foi quase perfeito: somou 90,2% dos pontos possíveis, o melhor registo dos últimos 30 anos. Os “encarnados” chegam a esta fase do campeonato numa série de nove vitórias consecutivas, período durante o qual a equipa de Jorge Jesus fez 21 golos e concedeu apenas um. Houve várias mudanças na defesa, mas um nome foi constante: Júlio César. No extremo oposto ao guarda-redes menos batido do campeonato surge Jackson Martínez, melhor marcador da I Liga com 14 golos em 17 jornadas.

Após um início titubeante, marcado pelas intermináveis experiências de Lopetegui, o FC Porto começou a ser mais convincente. Resta saber até que ponto será exequível recuperar seis pontos de desvantagem para o Benfica, sendo que o encontro na segunda volta está marcado para a Luz. Também o Sporting chega a esta fase do campeonato com um capital de confiança acumulado: depois daquele estranho mês de Dezembro, em que tudo parecia estar em causa e o divórcio com Marco Silva era dado como iminente, os “leões” já somaram oito vitórias consecutivas (quatro no campeonato).

Mas há mais nomes a reter desta primeira volta. O que o Vitória de Guimarães está a fazer é incontornável, tendo em conta que Rui Vitória orienta uma das mais jovens equipas do campeonato, com jogadores provenientes da equipa B e dos escalões inferiores. O percurso de Sp. Braga e Belenenses também é digno de nota. E o Boavista conseguiu contrariar todos os prenúncios de desgraça: uma equipa que deu o salto do Nacional de Seniores para a I Liga chegou a meio do campeonato numa posição relativamente confortável.

Sugerir correcção
Ler 4 comentários