O Benfica venceu o grande rival FC Porto por 72-61, no regresso do maior clássico do basquetebol nacional à Luz, que quase encheu para assistir a um espectáculo interessante.

Chegou a pairar no reduto benfiquista o espectro de um triunfo dos portistas, de regresso à Liga após três anos de ausência, mas, ao consumar uma magnífica recuperação na segunda parte, os tetracampeões nacionais superiorizaram-se.

Após uns primeiros dez minutos muito equilibrados, o FC Porto protagonizou um segundo período fulgurante, após somar um parcial de 12-0 que deixou as “águias” atordoadas. Foi a altura em que os lançamentos exteriores dos “encarnados” não entravam (dois em 11 na primeira parte – 18,2%), enquanto os dos portistas caíam, dando “corpo” a um excelente controlo do tempo de ataque e do ritmo de jogo.

A diferença foi-se acentuando, ao ponto de os comandados de Moncho López terem chegado ao intervalo com uma surpreendente vantagem de 12 pontos (43-31).

Ao optar por uma defesa zona 2x3 no início da segunda parte, o Benfica foi reduzindo gradualmente a diferença, enquanto o FC Porto foi sentido grandes dificuldades no ataque posicional e na conversão do “tiro” exterior. Com Carlos Andrade a puxar pelos seus companheiros e pelo público, as “águias” voltaram a igualar o marcador no final do terceiro período (53-53), após mais um cesto do veterano extremo benfiquista. A Luz voltava a acreditar no triunfo.

Os “dragões” deixaram de marcar “triplos”, manietados pela excelente atitude defensiva das “águias”. A oito minutos do fim, a formação de Carlos Lisboa reapossou-se da liderança do marcador (57-55), após dois lances livres convertidos pelo base-extremo Nuno Oliveira.

O técnico portista manteve uma rotação contínua do plantel, mas não conseguiu evitar a supremacia final do rival da Luz, que jogou desfalcado do poste Freddy Gentry, a contas com uma lesão nas costas. Ao somar um “duplo-duplo” (18 pontos e 12 ressaltos), o norte-americano Jeremiah Wilson foi o jogador mais valioso do embate, mas foi Carlos Andrade e a sua grande experiência, matreirice e raça quem teve o condão de carregar com o Benfica para mais um êxito sobre o FC Porto.

Carlos Lisboa, treinador do Benfica: “O primeiro período foi equilibrado, mas, no segundo, tivemos uns colapsos que nos afectaram.”

“Na segunda parte, melhorámos bastante, porque mudámos a defesa. Quero dar os parabéns aos meus jogadores pela atitude demonstrada. Com a ajuda do nosso público, acabámos por alcançar um justo sucesso.”

“Não foram os jogadores portistas que falharam, pois acho que defendemos bem. Provocámos o erro ao adversário. Não é novidade pelo carácter que os meus atletas têm.”

“Nunca virámos a cara à luta. Foi um bom jogo e esteve muita gente na Luz. Estou satisfeito e penso que a vitória é justa.”

Moncho López, treinador do FC Porto: “Acho que foi um jogo bonito, apesar dos muitos erros e ‘turnovers’ cometidos. Parabéns ao Benfica e ao seu treinador, que optou bem pela defesa zona.”

“Nas poucas oportunidades que o Benfica nos deu na segunda parte, nós falhámos. Temos imenso trabalho pela frente. Estamos a crescer e gostava que fosse mais depressa.”

“Os novos atletas ainda estão em fase de choque e a adaptar-se aos novos métodos de treino. Temos quatro ou cinco ataques espectaculares contra a zona, mas os tiros não entraram.”

“A diferença foi um bocado injusta para aquilo que jogámos. Independentemente do pavilhão em que jogamos, representar este clube é sempre um orgulho. Estamos contentes por estar na Liga e atuamos com o mesmo empenho na Luz, em Guimarães ou no Porto.”

Benfica-FC Porto, 72-61

Benfica (72): Mário Fernandes (5), Daequon Cook (20), Carlos Andrade (11), Jeremiah Wilson (18) e Cláudio Fonseca (8). Jogaram ainda Tomás Barroso, João Soares, Marko Loncovic e Nuno Oliveira (10). Treinador: Carlos Lisboa.

FC Porto (61): André Bessa (6), José Silva, Arnette Hallman, Miguel Queiroz (3) e Nick Washburn (12). Jogaram ainda Seth Hinrichs (13), Brad Tinsley (9), Pedro Bastos (8), António Monteiro, Albert Fontet (7) e Ferran Ventura (3). Treinador Moncho López.