O pelotão do Giro tinha um presente para oferecer à fuga
O vento, as estradas sinuosas e até alguma sobranceria do pelotão dificultaram a perseguição a um quarteto de fugitivos que possivelmente nem esperava ser feliz.
No ciclismo, quando uma fuga consegue ser feliz isso é atribuído, geralmente, à inércia do pelotão. “Eles só fazem o que o pelotão deixar”, costuma dizer-se. Há quem conteste essa ideia – e provavelmente com razão –, mas, nesta quarta-feira, foi precisamente disso que se tratou.
O vencedor da etapa 5 da Volta a Itália foi Benjamin Thomas (Cofidis), que foi o mais forte dos quatro fugitivos, batendo Michael Valgren (EF) e Andrea Pietrobon (Kometa) na chegada a Lucca, na costa Oeste italiana.
O cenário que os levou até ali foi incomum e parece mesmo ter havido responsabilidade do pelotão. Houve uma fuga inicial que acabou por ser neutralizada ainda cedo na etapa, algo difícil de entender por parte do pelotão, já que uma fuga desgastada seria sempre menos perigosa do que um novo lote de fugitivos que se formasse, entretanto, com pernas frescas. E formou-se mesmo.
Esse novo grupo nunca teve mais de 2 minutos de vantagem para um pelotão firme na intenção de levar a etapa para um sprint, mas o vento traseiro, a descoordenação no pelotão, as estradas sinuosas e até alguma sobranceria dificultaram a perseguição.
No fundo, o pelotão errou na forma de lidar com a fuga e permitiu que um lote de aventureiros frescos se isolasse nos últimos 70 quilómetros. E sofreu com isso.
De resto, a etapa desta quarta-feira, tal como a de terça, não foi das melhores propagandas ao ciclismo, quase sempre em ritmo lento e sem especiais motivos de emoção.
Nas contas da classificação geral nada se alterou.
Para esta quinta-feira está desenhada uma das etapas presumivelmente mais divertidas deste Giro. Ao estilo Strade Bianche, a organização planeou a passagem do pelotão por alguns sectores de sterrato, zonas em terra batida nas quais os ciclistas terão algumas pequenas elevações, além de um piso sem asfalto que poderá trazer furos, além de um esforço físico adicional.
Serão apenas 12 quilómetros de sterrato, é verdade, mas deverá ser suficiente para impedir os sprinters mais puros de lutarem pela vitória no final. Nomes como Alaphilippe, Laporte, Schachmann ou mesmo Pogacar poderão ter um bom dia para serem felizes.