A cadelinha Chanel abana o rabo e ladra. A dona reconhece-lhe os sinais: “Quer colo”, diz Iolanda Lanceiro, de 17 anos. Entra na habitação, ou antes, numa barraca, com três divisões, coberta a chapas de zinco, com um buraco no tecto da cozinha. O odor do clássico perfume francês, que terá dado o mote para o nome ao animal, está muito longe do mundo desta família, a viver no sítio Mar e Guerra, na periferia de Faro. A região, rica para quem vê de fora, possui quase 11 mil crianças e jovens em risco de “extrema pobreza”, segundo os últimos Censos. O turismo, na fórmula rotineira como está a ser gerido, não passa de “uma caloria vazia, sem função alimentar”. A imagem, utilizada pelo antropólogo Pedro Prista, investigador do Centro de Ciências Sociais (ICS), ilustra o Algarve das “fantasias económicas” e clivagens sociais.
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