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40 restaurantes que não pode perder de Norte a Sul de Portugal

Onde e o que comem os chefs de cozinha quando despem a jaleca? Pedimos a 20 conceituados cozinheiros do país que mencionassem dois restaurantes preferidos da sua região e que nos indicassem a razão da escolha. Os resultados deram origem a um pouco de tudo: do restaurante conhecido ao praticamente anónimo; do estrela Michelin às tascas de subúrbio, do restaurante étnico ao de cozinha tradicional portuguesa. As fotografias reflectem os estados de alma dos chefs quando pensam nos restaurantes que elegem.

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Diogo Baptista

Vítor Matos

Irrequieto, criativo e tecnicamente apetrechado, Vítor Matos é também um amante dos produtos portugueses, que procura evidenciar em todos os seus pratos. Formado na Suíça, tem um sólido currículo construído em Portugal, com passagem por vários grupos hoteleiros e coroação com a estrela do guia Michelin no restaurante Largo do Paço (Amarante), que recentemente deixou para abraçar um ambicioso projecto, o Antiquum, no espaço emblemático do antigo solar do vinho do Porto, no coração da Invicta.

O apelo das raízes chama-o a Vila Real, onde gosta de descontrair a saborear a boa francesinha do Cardoso. “Tem pouco a ver com aquilo que está banalizado”, avisa. “É feita à frente do cliente, a carne é de vitela da região, tenrinha, e o molho é mais suave, onde se nota a cerveja”, explica, acrescentando que isto se junta ao prazer único de estar entre amigos. Noutro registo, conta que lhe é igualmente prazenteira a visita ao Nosso Café, na Póvoa de Varzim, uma cervejaria que o cativa pelo ambiente envolvente e caloroso. “Há mobiliário, fotos e objectos antigos e também mensagens que os clientes deixam nas paredes”, além, claro, “das boas carnes e do joelho de porco no forno”. J.A.M.

Cardoso

Rua Miguel Bombarda, 42
Vila Real
T. 259 325 329

O Nosso Café

Rua Ramalho Ortigão, 119
Póvoa de Varzim
T. 252 684 920 / 936 549 442 Fecha ao jantar de domingo

Diogo Baptista

Renato Cunha

Mais que um oásis no contexto regional, o restaurante Ferrugem representa um salto gigantesco no sentido da modernidade e sofisticação e criou um novo patamar para a cozinha minhota. Criativo, empenhado e estudioso como poucos, Renato Cunha, em conjunto com a mulher, Dalila, lançou caminhos de vanguarda que valorizam e enriquecem tanto os produtos como o receituário regional.

Esse gosto e paixão por aquilo que se faz, vê-os também reflectidos no dia-a-dia do restaurante Brasão, nas imediações de Felgueiras. “Tudo ali é bem feito e com produtos da melhor qualidade”, diz, destacando as ricas sopas de peixe, o costeletão no bafo — “assa lentamente na grelha durante horas e é depois trinchado na mesa” —, os peixes frescos e mariscos. “Cozinha tradicional pura e dura, com gosto e muita competência”, que lhe proporciona sempre grande gozo. Num plano de outra sofisticação culinária, o criador do Ferrugem aponta o prazer que lhe dá sentar-se à mesa no Palco, o restaurante gastronómico do Hotel Teatro, na Baixa do Porto. “[O chef] Arnaldo Azevedo está a fazer um belíssimo trabalho, com uma cozinha de grande dinâmica e cada vez melhor.” J.A.M.

Brasão

Cimo de Vila, Refontoura
Felgueiras
T. 255 336 118 Aberto todos os dias

Palco

Hotel Teatro, Rua Sá da Bandeira, 84
Porto
T. 220 409 620 Aberto todos os dias

Diogo Baptista

Pedro Nunes

Além de cozinheiro de méritos mais que firmados, Pedro Nunes é um restaurateur em todo o sentido do termo, conjugando com particular eficácia uma cozinha de vanguarda com o receituário tradicional. Há que dizer também — porque é importante e foi daí que chegou aos fogões — que é, antes de tudo, um amante da boa mesa. E que pratica com afinco.

Não admira, por isso, que não hesite um segundo sequer para apontar a cozinha de Pedro Lemos como um dos lugares onde se sente mais cativado pelos prazeres da mesa. “Sou de gostos simples e admiro quando as coisas simples e boas são feitas com sofisticação. É precisamente isso que Pedro Lemos faz e por isso gosto mesmo muito da cozinha que está a fazer neste momento.”

Num contexto de maior simplicidade, aponta também para o bacalhau assado do restaurante O Vítor, perto da Póvoa de Lanhoso. “Nunca nada é o melhor mas é talvez o melhor bacalhau assado”, diz com a sabedoria que lhe é reconhecida. “O bacalhau é muitíssimo bom, excepcionalmente bem feito e com uma coerência que dura já há muitos anos.” É por isso que o chef do São Gião volta sempre a este restaurante minhoto. J.A.M.

Pedro Lemos

Rua Padre Luís Cabral, 974
Porto
T. 220 115 986 Fecha à segunda-feira

O Vítor

S. João de Rei
Póvoa de Lanhoso
T. 253 909 101

Diogo Baptista

Pedro Lemos

A estrela que no ano passado conquistou para o seu restaurante homónimo da Foz, no Porto, assenta-lhe que nem uma luva. Empenhado numa cozinha moderna, onde a simplicidade e a genuinidade dos produtos são traves-mestras, Pedro Lemos mostra de forma exemplar como os caminhos da modernidade e sofisticação podem valorizar o melhor da nossa tradição culinária. Atento e curioso a tudo o que o rodeia, gosta também de cultivar o lado típico e bairrista dos portuenses. A cervejaria Gazela (Batalha) é um dos seus lugares de culto. “Deve ser dos poucos espaços que servem comida no Porto e se mantém fiel aos nativos.” É o prazer das coisas simples, como beber uma cerveja e comer um cachorro, a par da admiração por um conceito “que se mantém há 40 anos a servir as mesmas coisas, sempre na mesma linha”.

Mais contemporâneo é o gosto pelo japonês que assentou arraiais na marginal do Porto. “Adoro ir ao Ichiban.” Pedro Lemos explica que se trata do sushi na sua vertente mais tradicional feito por um casal de japoneses, que “têm sempre peixes primorosos” e cujo trabalho “ impressiona pela honestidade com que tratam o produto e a forma como o apresentam”. J.A.M.

Cervejaria Gazela

Travessa Cimo de Vila, 4
Porto
T. 222 054 869 Fecha ao sábado e domingo

Ichiban

Avenida Brasil, 454
Porto
T. 226 186 111 / 934 044 994 Fecha domingo ao jantar

Diogo Baptista

Ricardo Costa

Desde muito cedo que o chef do The Yeatman se habituou a conviver com o exigente ambiente das estrelas Michelin. Primeiro em Espanha, onde trabalhou num duas estrelas (com Joachim Koerper); depois foi ele próprio distinguido quando chefiava o restaurante Largo do Paço (Amarante). Tudo ainda antes dos 30 anos. O reconhecimento e prestígio que já acumula, e a rápida conquista da estrela para a cozinha do luxuoso hotel de Gaia, não só prenunciam uma carreira de grande sucesso, como fazem dele um dos mais seguros e consistentes protagonistas da moderna cozinha portuguesa.

Nascido na região de Aveiro, desde cedo cultivou o gosto pelos peixes e a cozinha do mar e o restaurante Dori, na Costa Nova, é um clássico onde volta sempre na região. “Os peixes e mariscos são de excelência e o tratamento e atenção aos clientes é exemplar”, avalia Ricardo Costa, que escolhe também a cozinha japonesa do Matsuri, em Aveiro. “Sou tratado como gosto de fazer aos meus clientes”, diz. “Proporcionam-me coisas diferentes do que encontro no dia-a-dia com uma cozinha japonesa clássica e bem executada, longe das experiências de fusão”, avalia. J.A.M.

Dori

Rua das Companhas
Gafanha da Encarnação (Ílhavo)
T. 234 369 017 Fecha domingo ao jantar e segunda

Matsuri

Rua Engº Carlos Boia, 41/43
Aveiro
T. 234 040 037 Fecha à segunda-feira

Diogo Baptista

Diogo Rocha

Com um percurso que o fez passar por algumas das mais requintadas e criativas cozinhas do país, Diogo Rocha é hoje um dos mais consistentes e consequentes valores da nova cozinha portuguesa. Respeita o produto, cultiva a tradição culinária e mostra um apurado critério e sentido do gosto. É ver a forma como trabalha no Mesa de Lemos, o requintado restaurante da Quinta de Lemos, na zona de Viseu, onde o sabor, elegância e criatividade culinária jogam na perfeição com os vinhos da produção caseira.

É por isso que, nas horas livres, gosta de contrapor com a farta cozinha tradicional da região. No Retiro da Manhosa, o ambiente de ruralidade convive ainda com a modernidade urbana do vizinho Palácio do Gelo. “Delicio-me com o cabrito no churrasco. Há sempre durante todo o ano, é feito em brasa de carvão e fica suculento por dentro e crocante por fora.” Além disso, “o ambiente é descontraído e há sempre bons vinhos do Dão”.

Numa lógica mais petisqueira, elege o Dux Palace, no centro de Viseu, onde a destaca a vitela de Lafões. “Não é à Lafões”, avisa. “Só com a vazia, grelhada no carvão e com um molho de queijo da serra”, para saborear com vinhos da boa garrafeira da casa. J.A.M.

Retiro da Manhosa

Rua das Lages
Ranhados, Viseu
T. 232 461 573 Fecha à quarta-feira

Dux Palace

Rua Paulo Emílio, 12
Viseu
T. 963 004 817 Fecha às segunda e ao almoço de sábado

Rui Gaudêncio

Leonardo Pereira

Depois de quatro anos em Copenhaga, na Dinamarca, onde fez parte da equipa do Noma, considerado quatro vezes o melhor restaurante do mundo (da lista do W50 Best), Leonardo Pereira instalou-se no restaurante do boutique hotel Areias do Seixo, em Santa Cruz, onde surpreendeu meio mundo com a sua cozinha irreverente. Neste local, o chef natural de Santa Maria da Feira integrou de forma criativa e coesa influências nórdicas com as suas raízes portuguesas. Depois de um ano intenso, Pereira, de 30 anos, prepara-se para deixar o hotel. Porém, não quis deixar de nos indicar dois restaurantes da região que aprecia.

O primeiro é a Tasca do Joel, em Peniche, onde uma boa parte do que se cozinha é feito num antigo forno de pão. E é precisamente o “óptimo uso de grelhas a carvão dentro de forno a lenha” que o chef destaca, “quer seja com peixe ou com a carne de altíssima qualidade”, que sempre têm. As pessoas fazem os locais e Leonardo não deixa de salientar o “carácter único do Joel”, o mentor e alma da casa.

O segundo restaurante que nos sugere é o Pão Saloio, próximo da Lourinhã. Nesta casa de cozinha tradicional portuguesa, o cozinheiro destaca o “óptimo bacalhau” e a adega “impressionante”. M.P.

Tasca do Joel

Rua do Lapadusso, 73
Peniche
T. 262 782 945 Encerra à segunda-feira

O Pão Saloio

Rua da Guerra Peninsular, 27
Lourinhã
T. 261 984 355 Encerra à segunda-feira

Rui Gaudêncio

Ljubomir Stanisic

Nascido em Sarajevo, ainda nos tempos da Jugoslávia, Ljubomir Stanisic, 36 anos, é provavelmente o chef estrangeiro mais português de Portugal. Irrequieto, por vezes caótico, o chef do 100 Maneiras e Bistro 100 Maneiras sente-se tão à vontade a confeccionar um prato refinado de escargots como um guisado de coração de cavalo, fígado de touro e mioleira de porco, como o que preparou para Anthony Bourdain. Por isso, não é de estranhar que dispare em direcções opostas na hora de nos indicar dois restaurantes de Lisboa de que gosta muito.

O Feitoria, casa com uma estrela Michelin, do Hotel Altis Belém, é a sua primeira escolha. “Gosto muito da cozinha que o João Rodrigues tem vindo a fazer”, refere Stanisic, que não é de meias-medidas: além de destacar um prato de salmonete e o bombom de foie-gras, diz que Rodrigues “é quem cozinha o melhor carabineiro neste país”.

Por outro lado, a sua vertente mais popular leva-o a indicar a Cervejaria Germano, em Marvila, casa onde se preparam “petiscos muito bem feitos numa cozinha com dois metros quadrados”. Da oferta, destaca as moelas, as lambujinhas, as caracoletas e a cerveja em copos gelados. M.P.

Feitoria

Altis Belém Hotel & Spa, Doca do Bom Sucesso
Belém - Lisboa
T. 210 400 208 De segunda a sábado, ao jantar

Cervejaria Germano

Rua Vale Formoso de Cima, 127 B
Marvila - Lisboa
T. 218 596 634 Encerra à terça-feira

Rui Gaudêncio

Kiko Martins

Com dois restaurantes bem-sucedidos em Lisboa, O Talho e A Cevicheria, Kiko Martins é um dos chefs do momento. Estes espaços foram influenciados pela viagem gastronómica que fez à volta ao globo, em que experienciou as cozinhas do mundo de uma forma muito especial. Talvez por isso, as suas duas escolhas reflictam muito a sua cultura culinária, que tem uma forte componente lusitana.

Sobre o The Old House, adianta que “é um restaurante com um atendimento cuidado, que passa confiança e cultura”. Quanto aos pratos que lhe ficaram na retina, nomeia uns amendoins cozidos a vapor e um tofu tipo esparguete: “Estendem o tofu num tapete, cortam como se fosse um tagliatelle e juntam carne. É muito fixe.”

Em relação à Peixaria da Esquina, o novo espaço de Vítor Sobral, Kiko conta a sua primeira experiência: “Gostei muito, surpreendeu-me. Não foram pela cópia.” E explica o que o cativou, além da “identidade muito própria”, que resulta dos “anos de carreira do Vítor e o cunho do Hugo Nascimento”: “É uma cozinha de matriz de azeite em que o azeite não se faz sentir em excesso.” Enaltece os peixes marinados, o espadarte curado com praliné de figo e o polvo com legumes: “Pratos simples, inteligentes e verdadeiros”. M.P.

The Old House

Rua da Pimenta, 9
Parque das Nações - Lisboa
T. 218 969 075 Encerra à segunda-feira

Peixaria da Esquina

Rua Correia Teles, 56
Campo de Ourique - Lisboa
T. 213 874 644 Encerra ao domingo ao jantar

Rui Gaudêncio

José Avillez

Dizer que José Avillez é o chef de cozinha portuguesa contemporânea que melhor transporta o mar para a mesa pode até ser redutor, logo ele que tem um leitão e uma versão do cozido à portuguesa entre os seus pratos de autor mais emblemáticos. Contudo, a verdade é que criações como “Mergulho no mar”, “Vigia” ou “Rebentação” nos levam a fazer a afirmação sem riscos de incorrer em grandes polémicas. Por isso, não é de estranhar que o único chef português com duas estrelas Michelin escolha dois restaurantes onde sobretudo o marisco é bem tratado na sua forma mais simples: o Ramiro, em Lisboa, a cidade onde trabalha, e o Mar do Inferno, em Cascais, onde nasceu.

Sobre Ramiro, a sua “cervejaria preferida da cidade”, diz não perder os lagostins e destaca a qualidade do produto e a simplicidade das preparações. Este é um local onde se pode “comer algo genuíno que foi cozinhado de forma simples, sem máscaras”.

O chef do Belcanto aprecia ainda “o serviço confuso, mas harmonioso e divertido” do lugar. Em relação ao Mar do Inferno, um sítio de que tem “muitas memórias de infância”, não dispensa “um prato de bruxinhas, uma santola ou umas amêijoas.” M.P.

Ramiro

Avenida Almirante Reis, 1 - H
Lisboa
T. 218 851 024 Encerra à segunda-feira

Mar do Inferno

Avenida Rei Humberto II de Itália
Boca do Inferno - Cascais
T. 214 832 218 Encerra à quarta-feira

Rui Gaudêncio

André Magalhães

Como um bom “taberneiro” multifacetado que é, André Magalhães conhece os cantos mais remotos e obscuros de Lisboa. É neles que se cruza com as cozinhas das várias comunidades da cidade e que frequentemente o inspiram nos pratos que cria na Taberna da Rua das Flores.

A sua primeira sugestão vai para um restaurante chinês no bairro da Mouraria, sem nome na porta, mas a que chama Wenzhou, por ser o local de proveniência dos donos. “É a minha cantina chinesa, a verdadeira cozinha de mercado”, refere, salientando os “produtos frescos expostos numa vitrine e cozinhados ao momento no wok”. Adora a salada de caranguejo azul cru, as beringelas chinesas e as tripas de porco fritas com alho francês. “Os índios peruanos que vendem artesanato na Baixa vão lá comer sopa de tripas, dizem que é muito parecida com a que se come em Cusco.”

A sua segunda escolha recai na Casa de Pasto Bom Petisco, na Trafaria, em Almada, que afirma ser “a melhor grelha das redondezas”. Sobre o peixe que ali se come, proveniente dos pescadores da Trafaria, diz ser “fresquíssimo” e destaca os salmonetes da Cova do Vapor, os massacotes e o chamirro frito, “um safio pequeno cortado fininho e enfarinhado”. M.P.

Wenzhou

Calçada da Mouraria, 7
Lisboa

Casa de Pasto Bom Petisco

Rua Tenente Maia, 14
Trafaria - Almada
T. 212 950 767 Encerra à segunda-feira

Rui Gaudêncio

Vítor Sobral

No ano em que completa 30 anos de carreira, Vítor Sobral continua a reinventar-se e este Verão transformou a Cervejaria da Esquina, em Campo de Ourique (Lisboa), em Peixaria da Esquina. A sua predilecção pela cozinha portuguesa nunca o impediu de se mover noutros mundos e de ser permeável a outras cozinhas. Na verdade, Sobral é um bom garfo e come de tudo, desde que tenha qualidade. O chef quer destacar três restaurantes que mais o marcaram nos últimos tempos, “o Minibar, A Cevicheria e o novo Alma”, mas como tem de escolher apenas dois, acaba por se centrar nos dois últimos.

No caso de A Cevicheria, revela que lhe agradou o conceito e diz que tudo o que comeu “estava fantástico”, sobretudo o ceviche puro “de corvina, pela envolvência dos sabores”. Aponta ainda a mini-sandes de barriga de porco e camarão em pão de batata doce, que apreciou muito.

Por último, o Alma, no Chiado, que abre oficialmente por estes dias. Sobral diz que o menu de degustação “estava espectacular” e menciona dois pratos que o surpreenderam: “O polvo com ervilhas com sabor meio oriental e a pescada, numa cozedura incrível, pela harmonia do prato.” “É um regresso do Henrique [Sá Pessoa] com uma grande alma.” M.P.

A Cevicheria

Rua Dom Pedro V, 129
Lisboa
T. 218 038 815 Não encerra, não aceita reservas

Alma

Rua Anchieta, 15
Lisboa
T. 213 470 650 Encerra à segunda-feira

Rui Gaudêncio

José Júlio Vintém

Sem o seu Tomba Lobos, em Portalegre, é claro que a cozinha alentejana não perderia o brilho mas não seria bem a mesma coisa. Alentejano empedernido, José Júlio Vintém explora até ao brilhantismo a lógica petisqueira e os produtos da tradição numa cozinha rica com coisas pobres, a par de pratos como as migas, açordas ou borrego no forno. Fabulosas as conservas de caça da sua lavra, a que agora também se dedica.

É o gosto pela tradição e as coisas simples e genuínas da região que o levam, sempre que pode, até “uma tasca perdida no meio da serra de São Mamede, já quase em território espanhol”. Para lá dos assados de leitão e borrego, “por encomenda”, e grelhados no forno a lenha, no Café Dias há também sopa de peixe, migas e outros petiscos regionais. “Por vezes levamos coisas que a dona cozinha de forma maravilhosa. Tudo simples e num ambiente de tasca que já quase não existe”, conclui Vintém.

Já na vertente marítima, o chef do Tomba Lobos escolhe o Trinca Espinhas, na Praia de São Torpes. “É um lugar de bom peixe e marisco e é um prazer indescritível estar ali a soboreá-lo em frente ao mar”, sobretudo se for fora da confusão de Verão. J.A.M.

Café Dias

Casas Novas, São Julião
Portalegre
T. 245 964 211

Trinca Espinhas

Praia de São Torpes
Sines
T. 269 636 379 Fecha ao jantar de segunda a quinta

Rui Gaudêncio

Miguel Laffan

Deu que falar em 2013 quando o guia Michelin atribuiu uma estrela ao seu restaurante L’And. Contudo, Miguel Laffan, natural de Cascais, onde nasceu há 36 anos, já andava a “virar frangos” na alta cozinha há uns bons anos. Chef do L’And Vineyards Resort, perto de Montemor-o-Novo, Laffan é um adepto da região que o acolhe, para onde se mudou em 2011. A sua cozinha não é propriamente local, mas é como uma casa com uma janela aberta ao mundo. As influências de diversas paragens encontram-se no mesmo cardápio em conformidade com sabores que evocam o Alentejo. Quando lhe pedimos que indique dois restaurantes da região, escolhe dois clássicos, o Fialho e a Adega Velha.

Sobre o Fialho, em Évora, diz que é daqueles restaurantes que “tem de aparecer sempre, por tudo o que representa”, pela “sua história”, pela sua “identidade muito forte”. “Continua a ser muito bom” e destaca-lhe “o aparato da sala” e um prato de que gosta “imenso”, o arroz de lebre.

A sua segunda escolha fica em Mourão. É a Adega Velha, um restaurante “único, com cantares alentejanos e pessoas encostadas ao balcão a beber um copo”. É um lugar que costuma recomendar, por ter “identidade” e “um cozido de grão muito bom”. M.P.

O Fialho

Travessa das Mascarenhas, 16
Évora
T. 266 703 079 Encerra à segunda-feira

Adega Velha

Rua Joaquim Silvestre de Vasconcelos Rosado
Mourão
T. 266 586 443 Encerra à segunda-feira e domingos ao jantar

Rui Gaudêncio

Margarida Cabaço

Há quem fale no dom da cozinha para se referir a Margarida Cabaço, cuja arte, cuidado e competência fizeram do São Rosas um dos expoentes da gastronomia no Alentejo. No seu restaurante, junto à Pousada de Estremoz, utiliza com criatividade e bom gosto os melhores produtos da região, como borrego, cabrito ou enchidos, que sempre associou a uma competente escolha de vinhos e a levou mesmo a avançar, em família, para a produção dos reconhecidos Monte dos Cabaços.

É um pouco para contornar a rotina das carnes e da cozinha alentejana que gosta de se escapar até ao El Cristo, em Elvas. “Adoro mariscos e peixes e lá têm sempre e com grande qualidade. Recebem todos os dias e sabem como tratá-los.” A criadora, mentora e cozinheira do São Rosas diz que no El Cristo tem “a sensação do mar”. Mesmo no coração da planície, sente-se “como se estivesse a comer à beira-mar”.

A outra opção vai para um clássico lisboeta, o Pap’Açorda: “É um dos maiores símbolos de estabilidade e da qualidade da cozinha portuguesa. Pode-se sempre voltar que a sensação é que acompanha os tempos, mas sempre fiel à tradição da boa cozinha portuguesa.” J.A.M.

El Cristo

Parque da Piedade
Elvas
T. 268 623 582 Aberto todos os dias

Pap’Açorda

Rua da Atalaia, 57
Lisboa
T. 213 464 811 Fecha ao domingo e segunda

Vasco Célio/Stills

Dieter Koschina

Há 24 anos a trabalhar como chef do Vila Joya (Praia da Guia, Algarve – 2 estrelas Michelin), Dieter Koschina é um apaixonado pelos peixes e mariscos do Sul do país, sobretudo por aqueles que lhe chegam da lota de Sagres. Na verdade, enquanto cozinheiro é mais este tipo de produto nacional que marca os seus pratos. Contudo, sabe-se há muito que o chef austríaco tem uma preferência especial por dois restaurante que frequenta regularmente e onde faz questão de levar os chefs “estrelas” que convida para o Festival Internacional Gourmet do Vila Joya (que está de volta este ano, de 10 a 15 de Novembro).

O primeiro é o Teodósio – O Rei dos Frangos, na Guia, onde predomina o frango assado com piripiri, que Koschina recomenda com “batatas fritas, salada de tomate e cebola, Sagres e tarte de natas” — esta última como sobremesa, claro. “É rápido, sempre bom, todos comem o mesmo e ninguém tem alergias ou intolerâncias.”

Como segunda sugestão, o Rei das Praias, um restaurante à beira-mar, no Ferragudo, próximo de Portimão. Aqui, o chef do restaurante que em 2014 foi considerado o 22.º melhor do mundo elege o arroz de lavagante, “um prato com três estrelas Michelin”. M.P.

Teodósio – Rei dos Frangos

Rua do Emigrante, 50
Estrada de Algoz - Guia
T. 289 561 318 Não encerra

Rei das Praias

Praia dos Caneiros
Ferragudo
T. 282 461 006

Vasco Célio/Stills

Hans Neuner

Nos seus primeiros tempos de Algarve como chef do Ocean, já lá vão oito anos, Hans Neuner vivia meio fechado no seu mundo e importava quase tudo — excepto o pescado, que o cativou desde o início. Contudo, a pouco e pouco foi descobrindo a região (e o país), de tal forma que, hoje, duas estrelas Michelin depois, os produtos nacionais e regionais dominam a sua lista de ingredientes. Porém, o chef austríaco interessou-se igualmente pela culinária local, ao ponto de integrar uma interpretação do popular frango da Guia e outra do cozido à portuguesa nos menus do Ocean. Deste modo, não foi difícil a Neuner indicar-nos dois restaurantes.

O primeiro é o Pescador, em Benagil. “O peixe e o marisco são excelentes, sempre muito frescos e cozinhados de uma forma simples e deliciosa.” Neuner destaca ainda a localização “sobre o mar, com uma vista espectacular”.

A segunda sugestão leva-nos ao interior, à Tasca do Petrol, próximo de Monchique. Diz o chef que a primeira vez que aqui veio “foi como dar um mergulho na tradição do interior algarvio” e na “comida serrana feita com produtos locais”. Nesta antiga venda, aprecia muito “a carne de porco com banha vermelha e o grão com massa”. M.P.

O Pescador

Praia Benagil
Carvoeiro
T. 282 354 017 Encerra ao domingo

A Tasca do Petrol

Corgo do Vale
Marmelete - Monchique
T. 282 955 117 Encerra à quarta-feira

Rui Gaudêncio

Leonel Pereira

Além da competência e recheado currículo, Leonel Pereira distingue-se também no panorama da cozinha nacional pela exemplar modéstia e realismo com que encara títulos e honrarias. Passou por prestigiadas cadeias hoteleiras e vários países, tendo alcançado justo reconhecimento pelo qualificado trabalho no restaurante Panorama (Sheraton Lisboa) mas acabou por ser já no São Gabriel (Almancil) que chegou à estrela Michelin há muito esperada.

O mar e as raízes algarvias sempre o acompanharam e por isso não resiste ao prazer de saborear um bom peixe grelhado, de preferência à beira- mar. “O melhor que comi este ano foi no António Tá Certo, na Praia do Garrão.” Um lugar simples mas onde a qualidade do peixe grelhado é exemplar e a patroa — filha do António, que a todos respondia com um “tá certo” — só se contenta com o melhor: “É maluca a comprar peixe”, assegura o chef.

Outro lugar onde Leonel Pereira se sente feliz é na casa de Noélia e Jerónimo, em Cabanas. “Vou lá com alguma regularidade e não me esquecem umas favas que lá comi este ano”, recorda, assinalando também “as açordas, atum e outros petiscos” que lhe enchem a alma. J.A.M.

António Tá Certo

Avenida da Praia,
Vale do Garrão - Almancil
T. 289 396 456 Fecha à segunda-feira

Noélia e Jerónimo

Avenida Ria Formosa, 2
Cabanas, Tavira
T. 281 370 649 Fecha à quarta-feira

Rui Gaudêncio

Benoît Sinthon

O sotaque madeirense deste francês nascido em Aix-en-Provence, há 43 anos, não esconde as duas décadas que já leva no Funchal. Chef do único restaurante com uma estrela Michelin na Madeira, o Il Gallo d’Oro, do Hotel Cliff Bay, Benoît Sinthon é um grande defensor e divulgador dos produtos da ilha. De facto, o francês faz questão de os utilizar no dia-a-dia do restaurante, assim como de os mostrar, in loco, quando recebe cozinheiros de outras partes do mundo, por alturas da etapa inaugural da Rota das Estrelas.

Porém, a sua primeira sugestão, o restaurante O Clássico, no Funchal, é mais abrangente, dado tratar-se de um local de cozinha tradicional portuguesa e também de cozinha internacional. Com vista soberba sobre o mar, Sinthon destaca neste restaurante o arroz de polvo, que afirma ser “uma delícia”.

A sua outra escolha é o Abrigo do Pastor, um antigo resguardo de caçadores e pastores na serra, próximo da Camacha. “É um típico restaurante tradicional” onde se “confecciona bem o leitão”, diz-nos o chef do Cliff Bay, que destaca ainda “o ensopado de cabrito e o cozido à portuguesa”. M.P.

O Clássico

Estrada Monumental, 239
Piornais (S. Martinho) Funchal
T. 291 774 111

Abrigo do Pastor

Estrada das Carreiras, 209
Camacha
T. 291 922 060 Encerra à terça-feira

Rui Soares

Sandro Meireles

Natural de Paços de Ferreira, Sandro Meireles está desde 2007 nos Açores, onde é professor na escola de hotelaria de Ponta Delgada. Neste âmbito, junto com outros colegas, tem feito um trabalho louvável não só na formação de futuros profissionais de cozinha, mas também na valorização dos produtos açorianos. Os dois restaurantes que indica são “fontes de identidade gastronómica local e de inspiração” diferentes da linha contemporânea que pratica.

O primeiro, o Mané Cigano, em Ponta Delgada, é “um pequeno restaurante familiar onde reina a hospitalidade e simpatia, com as mesas dispostas de forma comunitária”. Aqui, salienta “os chicharros fritos em farinha de milho amarela acompanhados de feijão assado e cebola de curtume”, “o polvo guisado à regional” e também “a carne guisada e o peixe fresco frito ou grelhado”.

Vivendo numa ilha, é natural que Meireles se renda aos encantos do mar; como tal, elege o Bar Caloura, na parte sul de São Miguel, “no pitoresco e colorido porto de pesca artesanal”. Sente-se esmagado com a “vista incrível, literalmente em cima do mar”. Este espaço é “óptimo para uma bebida ao final de tarde”, além de ser, segundo afirma, “o melhor local para comer peixe fresco, apenas grelhado”. M.P.

Mané Cigano

Rua Eng.º José Cordeiro, 1
Ponta Delgada
T. 296 285 765 Aberto de segunda a sábado ao almoço e para jantares, por encomenda

Bar Caloura

Rua da Caloura, 20
Lagoa
T. 296 913 283 Não encerra