Os mecenas da Casa Conveniente

Ao fim de anos a tentar apoios mecenáticos - "é muito difícil ter uma resposta", explica a actriz e encenadora Monica Calle (na foto, à esquerda)- a companhia de teatro Casa Conveniente arriscou outra forma de mecenato. Utilizou a Internet, nomeadamente o Facebook, para pedir a eventuais interessados que, se quisessem, contribuíssem com 12 euros (um por cada mês do ano) para que a companhia pudesse continuar

a apresentar espectáculos. A experiência de Monica Calle no passado

é a de bater a muitas portas e conseguir muito pouco. "A Lei do Mecenato não está certa, mas as coisas nem passam tanto por aí. Passam pelo

contexto e pelo país em que vivemos. A ideia de se estar ligado a uma prática artística não é valorizada." Conseguir apoios em materiais "é relativamente fácil", mas valores em dinheiro "é praticamente impossível". "Todas as estruturas têm enorme dificuldade em encontrar mecenas. Por isso pensámos numa coisa individualizada." Em troca, os mecenas da Casa Conveniente têm os seus nomes referidos no material de promoção e podem assistir aos ensaios, acompanhar o processo de trabalho da companhia. "Tudo isto tem a ver com essa questão da aproximação", diz a encenadora. "A relação artística com os espectadores passa também por uma ideia de mecenato ligada a uma utopia de entreajuda, à margem das instituições e dos bancos." Tem corrido bem. "Desde que lançámos a campanha, já angariámos cerca de dois mil euros, e temos cento e tal mecenas. As pessoas sentem que estão a fazer parte de qualquer coisa."

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