Colecção Spirou

Os heróis tiram férias no campo para descansar, mas metem-se numa carga de trabalhos, com cogumelos à mistura. Este é o tema de O Feiticeiro de Champignac, com desenho de Franquin e texto de Jean Darc e Franquin. As aventuras de Spirou, o paquete ruivo que nasceu herói de banda desenhada, são editadas pelo PÚBLICO e Edições ASA. São 20 álbuns de um clássico da BD mundial, nove deles inéditos
em Portugal. Todas as quartas-feiras com o PÚBLICO por mais 5,40 euros

a Porcos com pele cor-de-rosa e grandes bolas azuis. Coelhos do tamanho de ovelhas. Uma vitela que produz quantidades astronómicas de leite antes de morrer de velhice...Estranhos acontecimentos como estes marcam a vida quotidiana na aldeia de Champignac, escolhida por Spirou e Fantásio para passar férias. Os ânimos estão exaltados e os aldeões acusam uma família de ciganos, mas o responsável é outro...
Para complicar ainda mais a situação, Fantásio é raptado e Spirou descobre que o autor é o conde Champignac, um especialista em cogumelos que consagra a sua vida a fazer experiências para extrair os princípios activos dos fungos e aplicá-los de forma mais ou menos útil.
Uma das substâncias obtidas é o X 1, que potencia as capacidades físicas de quem a tomar, tornando-o praticamente invencível. Hércules, um pequeno delinquente, apodera-se do produto e vai usá-lo para efectuar uma série de assaltos, com resultados inesperados...
O resto desta desconcertante aventura pode ser lido em O Feiticeiro de Champignac, décimo nono volume da colecção Spirou, que será distribuído amanhã com o PÚBLICO. Esta banda desenhada, assinada por Franquin (desenho e texto) e Jean Darc (texto), teve a sua primeira publicação na revista Spirou (números 653 a 685), entre 19 de Outubro de 1950 e 31 de Maio de 1951.
Depois de um início um pouco hesitante, Franquin vai encontrar para as aventuras de Spirou o ritmo, o ambiente e os personagens que iriam imortalizar esta série. Ficavam assim para trás quatro anos de histórias divertidas e simpáticas, mas sem acrescentar nada de verdadeiramente novo ao projecto.
A Spirou, Fantásio e Spip junta-se, a partir deste aventura, o conde de Champignac, que se tornará um dos esteios fundamentais da BD - embora os primeiros contactos sejam tensos e a relação, sobretudo com Fantásio, se revele muito problemática...
A transfiguração de Spirou é total e o responsável por isso chama-se Henri Gillain, que assina o argumento desta aventura com o nome de Jean Darc. Professor de matemática, é irmão de Jijé, um dos grandes nomes da banda desenhada clássica belga que antecedeu Franquin no desenvolvimento da série.
Gillain apresenta a Franquin a ideia de uma história centrada num ambiente campestre. É um projecto de argumentista amador que Franquin, um pouco cansado de trabalhar temas urbanos, agarra com unhas e dentes, desenvolvendo um fantástico universo a partir das muitas notas e esboços que Gillain foi acumulando num caderno.
O Feiticeiro de Champignac será a primeira de uma magnífica série de bandas desenhadas centradas na comuna de Champignac e na sua galeria de personagens, entre os quais se destaca o presidente da câmara, com a sua mania das grandezas e discursos hiperbólicos de incrível efeito cómico.
Com este episódio, e graças à genialidade de Franquin, a série Spirou entrava na sua idade de ouro.

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