Vice-cônsul português em Rio Grande entra na lista de foragidos

Ex-diplomata português no Brasil é acusado de ter desviado cerca de um milhão de euros e passou a ser procurado pela Interpol

A representação da Interpol no Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, informou ontem que encaminhou o pedido de inclusão do ex-vice-cônsul de Portugal em Porto Alegre, Adelino Pinto, na lista de foragidos internacionais. O pedido foi enviado ao escritório da Interpol em França, após decisão judicial da 10.ª Vara Criminal de Porto Alegre, confirmou a assessoria da representação da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) à agência Lusa.

Em Setembro, Adelino Pinto foi acusado pelo Ministério Público brasileiro por estelionato (crime semelhante a burla) e coacção no curso do processo. É acusado de se apropriar indevidamente de 2,5 milhões de reais (1,03 milhão de euros) na Arquidiocese de Porto Alegre e foi-lhe aplicada a 12 de Agosto a medida de coacção de prisão preventiva, que não cumpriu por se ter ausentado do país.

Segundo o juiz Leo Pietrowski, que recebeu a denúncia do Ministério Público, a investigação conduziu a indícios suficientes para determinar a captura internacional, como documentos que demonstram que Adelino Pinto transferiu dinheiro recebido indevidamente das vítimas para contas suas no estrangeiro.

De acordo com padres da Arquidiocese de Porto Alegre, Adelino Pinto ofereceu-se, em nome do Governo de Portugal, para intermediar o contacto com uma organização não governamental (ONG) belga que financiaria o restauro de duas igrejas de origem portuguesa no Brasil.

Para receber o dinheiro, a arquidiocese depositou os 2,5 milhões de reais como caução na conta bancária do agora acusado. Os 12 milhões de reais (4,9 milhões de euros) prometidos para as obras, porém, nunca chegaram.

Após receber ordem de prisão no Brasil, Adelino Pinto deu uma entrevista por telefone à agência Lusa na qual dizia estar em Portugal. E negou ter ficado com o dinheiro pago pela igreja. No último domingo, o programa Fantástico, da TV Globo, colocou no ar uma entrevista com Adelino Pinto gravada no escritório de seu advogado, em Lisboa, e voltou a negar as acusações. Apesar de o Brasil ter emitido ordem de prisão contra Adelino Pinto há quase dois meses, a sua detenção noutros países dependia do procedimento da Interpol.

Caso o ex-vice-cônsul de Portugal seja preso noutro país, o Brasil pedirá a sua extradição. O acusado também está a ser investigado pelo Ministério Público português. Assim que o caso se tornou público, o Governo demitiu Adelino Pinto das suas funções.

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