Sucessão no PSD abre brechas entre os autarcas

Organização de almoço na Covilhã com presidentes de câmara marcado para amanhã é contestada pela direcção da ASD, liderada por Manuel Frexes

Estalou a divisão entre autarcas do PSD por causa da sucessão de Manuela Ferreira Leite na liderança do partido. De um lado da barricada, Manuel Frexes, o líder dos Autarcas Sociais Democratas (ASD), que ontem veio pedir "equidistância" em nome do "prestígio e da isenção" daquela estrutura do partido. Do outro, Carlos Pinto, presidente da Câmara da Covilhã, que entende ter chegado a hora de os autarcas "passarem de espectadores a actores". No debate interno sobre o futuro do PSD, mas também do país.

Na semana passada, logo após Marcelo Rebelo de Sousa garantir que não quer ser "chefe de facção", foi divulgada a realização de um encontro com presidentes de câmara para debater a situação interna do partido com o patrocínio de Carlos Pinto. Os convites para um almoço amanhã, na Covilhã, começaram a chegar. Ontem, a direcção dos Autarcas Sociais Democratas (ASD) decidiu vir a terreiro para dar orientações muito concretas. "É absolutamente essencial que os ASD não se envolvam na contenda eleitoral interna e preservem a sua equidistância e serenidade", alertaram.

"Há muita gente com a tentação de colar os autarcas aos apoiantes de Pedro Passos Coelho e de uma outra protocandidatura, supostamente ligada a Marcelo Rebelo de Sousa", censura o presidente da Câmara do Fundão, lembrando que os dirigentes da ASD têm assento por inerência na Comissão Política Nacional. O que exigirá prudência quanto a alinhamentos nas disputas internas do partido. "Sempre fomos um referencial e queremos continuar a ser", continua, sublinhando não estar aqui em causa a liberdade individual dos autarcas no apoio a qualquer candidatura que se apresente às directas.

Aparentemente apanhado de surpresa por esta posição pública, Carlos Pinto encontra apenas um adjectivo para a qualificar. "Mesquinho." Confirmando ter já convidado muitos presidentes de câmara, o autarca rejeita estar a servir de intermediário no recrutamento de apoios para uma eventual candidatura do professor: "Não é verdade, não tenho contactos com Marcelo Rebelo de Sousa." Esclarece que a sua iniciativa decorreu exclusivamente da "incomodidade" de ver o partido mergulhado numa discussão de nomes de putativos candidatos à sucessão de Ferreira Leite sem se discutir a estratégia para o partido, nem "ideias" para o país.

"Nas eleições que se hão-de realizar, cada militante vale um voto. Isso não quer dizer que os autarcas não possam reflectir e dar alguns sinais ao povo", diz, admitindo mesmo que da reunião de sábado possa sair uma "mensagem crítica, construtiva, sobre o que se tem passado até agora".

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