Ricardo Bak Gordon vence Prémio Ibérico de Arquitectura 2011 com 2 Casas em Santa Isabel

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O projecto do arquitecto português que venceu o prémio dr

Projecto construído no bairro de Campo de Ourique distinguido entre quase 500 candidatos. Apenas três portugueses já o tinham vencido antes

O arquitecto português Ricardo Bak Gordon (n. 1967, Lisboa) venceu, ex aequo com a dupla espanhola Luis Mansilla e Emilio Tuñón, o Prémio FAD 2011, na categoria Arquitectura, com o projecto 2 Casas em Santa Isabel, construídas em Campo de Ourique, Lisboa. O júri, composto por oito elementos e liderado pela arquitecta italiana Benedetta Tagliabue, enalteceu a obra, construída em plena zona urbana de Lisboa, na Rua Saraiva de Carvalho, notando que "a disposição estratégica dos pátios confere um alto grau de intimidade à casa e oferece aos edifícios vizinhos os valores espaciais intrínsecos do edifício".

Ao PÚBLICO, Ricardo Bak Gordon nota que este é o prémio ibérico de maior prestígio e que o facto de ter sido atribuído a um português significa que a arquitectura nacional continua a ser indispensável ao debate arquitectónico internacional. Três arquitectos portugueses já antes tinham vencido este prémio, criado em 1958 em Barcelona e que distingue obras construídas em Espanha e Portugal: João Luís Carrilho da Graça, com o Pavilhão do Conhecimento (1999), Eduardo Souto de Moura, com o Estádio Municipal de Braga (2005), e João Maria Trindade, com a Estação Biológica do Garducho em Mourão (2009).

Sobre as 2 Casas em Santa Isabel, Bak Gordon diz que a relevância da obra começa no facto de "se construir no interior de um quarteirão em Lisboa" e de se desafiar a matriz das cidades europeias - com rua, praça e quarteirão - que têm o interior dos quarteirões como cidades ocultas, cidades dentro de cidades, onde predomina a ideia de que é difícil construir.

O que daí resulta, continua, é que esses interiores de quarteirão "ficam mal construídos, insalubres ou votados ao abandono". "Este trabalho procura voltar a recolocar o debate arquitectónico sobre o interior dos quarteirões e o potencial que têm para se constituírem como lugares, a somar a outros, de desfruto da cidade", insiste.

A obra esteve exposta no ano passado na Bienal de Veneza, onde o arquitecto representou Portugal juntamente com Álvaro Siza, Carrilho da Graça e Aires Mateus. Ricardo Bak Gordon, com 43 anos, foi também autor do Pavilhão de Portugal na ExpoZaragoza 2008 e do Pavilhão de Portugal na Bienal de São Paulo 2007.

Ricardo Carvalho, arquitecto e crítico de Arquitectura, realça também nesta obra "essa singularidade" de ser construída num quarteirão de Lisboa e "de ser a ocupação de um antigo logradouro". Nesse sentido, continua, "o ponto de partida é simultaneamente muito radical, porque habitualmente isto não acontece, e muito simples, porque representa um recurso a um tema milenar da Arquitectura, que é a casa-pátio". Na sua opinião, este prémio ibérico é "um prémio importante, habitualmente dado a arquitectos cujas carreiras estão a entrar na maturidade".

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