Portugueses detidos em Espanha por trabalho escravo

Foto
Investigações começaram em 2011

A polícia espanhola anunciou ontem a detenção de três portugueses, todos da uma mesma família, suspeitos de terem mantido cerca de 50 pessoas em regime de semiescravatura e de serem os mandantes de vários roubos. Os detidos, de 45, 42 e 22 anos, recrutavam as vítimas em Portugal e na região do Magreb, no Norte de África, escolhendo-os pela sua condição humilde, de dependência económica e debilidade intelectual.

As detenções tiveram lugar nos arredores da vila de Breviesca, entre as cidades de Burgos e Vitória, segundo informou, em conferência de imprensa, o sargento da Polícia Judiciária que dirigiu a operação, Carlos Lacalle. Além de instaladas em condições infra-humanas, as vítimas eram obrigadas a trabalhar em várias explorações agrícolas da região sem qualquer tipo de remuneração ou compensação, sendo-lhes retirados pelo suspeitos todos os documentos, "para que não pudessem denunciar a situação", segundo revelou o responsável policial, citado pela agência EFE.

Na operação foram também detidos outros três portugueses, de 23, 24 e 55 anos, que seriam vítimas da situação, por suspeita de participação em vários furtos. Segundo a polícia, além do trabalho escravo, os três familiares planeavam roubos em quintas da região, obrigando os seus dominados a executá-los. A polícia calcula que tenham sido levados a cabo mais de uma centena de roubos.

Mesmo tratando-se na maioria dos casos de situações de reduzido valor, o comandante da Guarda Civil de Burgos sublinhou tratar-se de "uma situação que tinha provocado uma grande sensação de insegurança entre os agricultores da região", o que os tinha levado a solicitar uma maior vigilância e presença policial.

Durante a operação, as autoridades espanholas apreenderam na casa dos suspeitos diverso material supostamente provenientes dos furtos, como relógios, telemóveis, computadores portáteis, andaimes e gasóleo. A polícia recolheu também diversa documentação pertencente às vitimas e, duas pistolas, duas espingardas e 26 armas brancas.

Segundo uma nota divulgada pela Guarda Civil, as investigações começaram já em Outubro do ano passado e tiverem origem numa denúncia por maus tratos.

Sugerir correcção