Indiano venceu prémio britânico que tinha Vasco Araújo na shortlist

a O artista plástico indiano NS Harsha venceu ontem o prémio britânico Artes Mundi, no valor de 50 mil euros, tendo sido escolhido entre os oito nomes de uma shortlist que incluía também o português Vasco Araújo. Obras destes oito finalistas estão em exposição no Museu Nacional de Cardiff, no País de Gales, que promove o prémio. O júri decidiu premiar a capacidade de Harsha (que nasceu em 1969 na Índia, onde vive) contar histórias, com pequenas figuras coloridas inspiradas pela tradição indiana da pintura de miniatura, e de "misturar o específico com o universal".
O Artes Mundi pretende premiar "artistas emergentes de todo o mun-
do, cujos trabalhos comentem a condição humana e a humanidade de diferentes perspectivas culturais". Apesar de ser muito recente (esta é apenas a terceira edição), é, pelo valor monetário, o maior prémio internacional britânico no mundo das artes plásticas, e aspira a pôr o País de Gales no mapa nesta área.
Escolhido pelas comissárias responsáveis pela selecção dos candidatos - a portuguesa Isabel Carlos, e Bisi Silva, crítica de arte baseada em Londres e na Nigéria -, Vasco Araújo (nascido em Lisboa em 1975) reuniu alguns dos seus trabalhos mais representativos para apresentar a concurso. "É um conjunto que toca em todos os pontos que o meu trabalho percorre", explica.
Na exposição do museu de Cardiff, inaugurada a 15 de Março, podem ser vistas quatro vitrinas em metal com figuras de porcelanas, do trabalho L"Inceste, inspirado no marquês de Sade. "A base da vitrina é forrada com tecido e bordada com o texto do Marquês de Sade", explica o artista. "Depois da leitura do texto, o sentido das figuras de porcelana muda. Perdem a aura de preciosidade e de ingenuidade."
Os três vídeos de Vasco Araújo são Hereditas, em que uma criança transporta através do edifício abandonado de um sanatório um pano carregado de ossos que escavou de um buraco ("tem a ver com a questão de saber de onde vimos, para onde vamos, a nossa herança"); About Being Different, entrevistas a quatro padres protestantes sobre o que é ser diferente; e Augusta, o trabalho mais recente (de 2008), que o autor descreve como "um diálogo entre dois leões de pedra em Washington, baseado numa comédia de Aristóteles, em volta da construção da ideia de império".
No site do prémio, o português é apresentado como um artista que "ex-
plora ideias de comunidade e marginalidade". O texto explica que "os gestos de sedução, os estereótipos culturais, as características políticas, assim como as identidades sexuais, têm sido o foco do seu trabalho".
Da shortlist faziam ainda parte a afegã Lida Abdul, o romeno Mircea Cantor, a dupla escocesa Dalziel e Scullion, o maliano Abdoulaye Konaté, a australiana Susan Norrie e a brasileira Rosângela Rennó.
Em 2004, o Artes Mundi premiou o artista chinês a viver nos EUA Xu Bing e, em 2006, a finlandesa Eija-Liisa Ahtila.
Vasco Araújo apresenta em Cardiff três vídeos e quatro esculturas que considera representativos da sua obra

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