Fundação Berardo

Ordenado milionário posto em causa

A nomeação de Maria do Carmo Espírito Santo para a administração da Fundação Colecção Berardo (FCB) está a suscitar perplexidade.

Diversas fontes asseguram ao PÚBLICO que, na semana passada, o cargo até agora inexistente de administrador executivo foi-lhe atribuído. Uma das fontes garante que irá receber mensalmente 11.500 euros, pagos pelo Ministério da Cultura (MC). Outra fonte assegura que Maria do Carmo Espírito Santo foi apresentada ao pessoal como administradora executiva, com horário e gabinete próprio.

Ontem, a fundação não facultou ao PÚBLICO o seu curriculum. Face a perguntas do jornal que o MC remeteu para a fundação, o seu director-geral, Rui Silvestre, acabou por confirmar a afectação de um "espaço de apoio à administração". Negou, porém, que receba ordenado, cumpra horário ou tenha funções executivas, embora não garanta que a questão não tenha sido discutida pela administração. O PÚBLICO tentou desde o início que a FCB colocasse a administradora em contacto com o jornal. Em vão.

A FCB é uma entidade de direito privado de utilidade pública, criada em Agosto de 2006, para a "instalação, manutenção e gestão do Museu Colecção Berardo". Os seus custos de funcionamento são assegurados com um subsídio anual do MC. O conselho de administração tem cinco membros. Dois pelo Estado, dois indicados por Berardo e um quinto de comum acordo, atribuído a António Vitorino, dirigente socialista e advogado do escritório Quatrecasas, Gonçalves Pereira & Associados, cujos advogados são os de Berardo.

Desde a criação, os cargos não são remunerados, embora recebam senhas de presença por reunião (750 euros). Os estatutos fixam que o lugar é "não remunerado", mas permitem a atribuição de "remuneração a administradores cujo tempo de dedicação e natureza das funções atribuídas por deliberação do conselho de administração assim o justifiquem". Maria do Carmo Espírito Santo, da família Espírito Santo, é - segundo os dados colocados por si na rede social Linkedin - licenciada em História de Arte pela Universidade Nova de Lisboa. Frequenta um mestrado na Universidade Católica em Arte Contemporânea. Nada indica como experiência profissional, além de uma colaboração na empresa EntusiasmoMedia. João Ramos de Almeida

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