Carlos Castro foi agredido e asfixiado, Renato está internado

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Carlos Castro

Família da vítima deverá chegar amanhã a Nova Iorque e pretende fazer o funeral na cidade. Mãe de Renato Seabra acredita na inocência do filho

Carlos Castro, o cronista social assassinado num hotel em Times Square, Nova Iorque, foi vítima de agressões violentas na cabeça e asfixia, divulgou ontem o gabinete de medicina legal de Nova Iorque, que não confirmou se foi mutilado. Renato Seabra, o presumível agressor, permanece na ala psiquiátrica do Hospital Bellevue. Ontem, a mãe do modelo chegou aos EUA. Quanto à família de Castro só amanhã chegará a Nova Iorque.

A autópsia ao corpo de Castro, encontrado morto sexta-feira à tarde num quarto do Hotel Intercontinental, confirmou o homicídio. "A morte foi causada por lesões provocadas por impacto violento na cabeça e compressão do pescoço", afirmou Ellen Borakove, porta-voz do gabinete de medicina legal à Reuters.

Contactado pelo PÚBLICO, o departamento da polícia de Nova Iorque informa que Renato Seabra ainda se encontra no Hospital Bellevue, para onde foi levado sábado de manhã para avaliação psicológica depois de ter sido encontrado pela polícia noutro hospital, com cortes nas mãos e no rosto. Segundo o tablóide New York Daily News, o taxista que levou Seabra para o hospital e uma das enfermeiras reconheceram-no pelas fotografias que viram nos noticiários locais e contactaram a polícia.

Uma vez concluída a avaliação psicológica, Renato Seabra deverá ser apresentado perante um juiz, explica Lisa Pelosi, advogada de justiça criminal. Para já, o modelo ainda não foi formalmente acusado. "Se houver provas para incriminá-lo, podem detê-lo ou não. Se tiverem provas e ele se declarar culpado, o processo deve levar cerca de duas semanas. Mas isso provavelmente não vai acontecer. Suponho que possa demorar entre seis a nove meses até estar concluído", calcula.

"Filho de ouro"

Ontem, a mãe de Renato Seabra chegou a Nova Iorque mas não prestou declarações à saída do aeroporto. Ainda em Portugal, Odília Pereirinha disse à TVI acreditar na inocência do filho e que este não tinha qualquer relação amorosa com Carlos Castro, mas sim profissional. "Não acredito. Não acredito. O meu filho, sendo um filho de ouro, um filho que é muito bom, não fazia isso", disse.

Em Cantanhede, Joana, a irmã de Renato, desdobrou-se em declarações afirmando que o irmão tinha uma relação profissional com "o senhor Carlos Castro" e que tinha ido a Nova Iorque em trabalho, disse à SIC, acrescentando que Carlos Castro afirmara ter falado com Fátima Lopes, criadora de moda e proprietária da agência de modelos Face Models, porque queria ajudar Renato.

Ao PÚBLICO, Fátima Lopes reafirmou desconhecer que Castro e Seabra se conheciam e nega que tenha havido qualquer conversa sobre o modelo com o cronista.

À chegada ao aeroporto de Newark, a mãe Otília Pereirinha foi ladeada por um homem e uma mulher que a aguardavam e que disseram não haver "nada a dizer". António Pinheiro, chanceler do consulado português em Nova Iorque, informa que hoje deverá receber a mãe de Renato Seabra.

Duas das irmãs de Castro, acompanhadas por Cláudio Montez, um "amigo de 30 anos e confidente" do colunista, deverão chegar a Nova Iorque amanhã, revela fonte ligada à família de Carlos Castro. A mesma fonte informa que vão ser tomadas providências para que o corpo do cronista social seja cremado em Nova Iorque - "só é preciso uma prova por escrito e ele escreveu num livro que um dia queria ser cremado". No entanto, a lei americana não permite que restos humanos cremados sejam espalhados em lugares públicos.

Segundo alguns órgãos de comunicação social dos EUA, Castro terá sido mutilado na zona dos genitais. Ellen Borakove não confirmou e disse que outras informações da autópsia serão reveladas à polícia. Esse tipo de mutilação tem sempre um "carácter simbólico" de "retaliação sexual". Se assim não fosse, seria outra parte do corpo, aponta o investigador Américo Baptista, da Universidade Lusófona. Para o psicólogo forense da Universidade do Minho Abrunhosa Gonçalves "o agressor tinha que estar sob forte pressão psicológica para o fazer".

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