Alegre já assegurou pagamento da dívida das presidenciais

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Sócrates apoiou Alegre nas eleições presidenciais e deu mais verba que o previstoJosé Lello, anterior responsável financeiro do PS, ao lado de Assis ADRIANO MIRANDA

Alegre passou o sufoco. Acabou as eleições de 2011 com mais de 400 mil euros de dívidas. Conseguiu superar a falta. E para isso foi decisivo o empenho de Sócrates

Manuel Alegre resolveu o problema da dívida da sua campanha eleitoral. E está já paga - ou com plano de pagamento estruturado - a verba de 422.075 euros que estava em dívida quando, em Julho, a candidatura entregou no Tribunal Constitucional as contas da campanha.

"Foi complicado, mas o problema está resolvido no essencial", confirmou ao PÚBLICO Manuel Alegre, que foi candidato a Presidente da República pela segunda vez nas eleições de Janeiro de 2011.

De acordo com a documentação entregue em Julho no Tribunal Constitucional, o valor real de despesas de campanha era de 1.727.933,91 euros. E o valor real das receitas de 1.305.858,73 euros. De que resultava uma dívida remanescente de 422.075 euros. Nos documentos entregues no Tribunal Constitucional era também assumido que, do dinheiro recebido pela candidatura de Manuel Alegre, 836.349,28 euros tinham como origem a subvenção estatal e que 310 mil euros eram fruto de donativos dos partidos.

Nessa altura, o mandatário financeiro, António Carlos Santos, explicou que os 310 mil euros se referiam à soma dos 220 mil euros dados pelo PS aos 90 mil euros dados pelo Bloco de Esquerda. O mandatário financeiro de Alegre justificava então os alegadamente parcos donativos partidários lembrando que, aquando das presidenciais, era já perceptível que a eventual proximidade de eleições legislativas iria prejudicar o apoio financeiro partidário: "O facto de começar a haver sinais de que íamos ter eleições legislativas antecipadas deve ter influenciado a decisão" (PÚBLICO, 27 de Julho de 2011).

Sócrates cumpre

Mas, ainda assim, o PS voltou a contribuir financeiramente para a campanha de Manuel Alegre, de modo as que as dívidas fossem sanadas. António Galamba, membro do Secretariado e actual responsável pelas finanças do PS, confirma que todos os compromissos financeiros do PS perante a candidatura presidencial de Manuel Alegre foram fechados e cumpridos pela anterior direcção, ou seja, por José Sócrates.

Essa realidade é confirmada ao PÚBLICO por José Lello, anterior responsável financeiro do PS sob o consulado Sócrates. Lello começa por afirmar que, "no total, a verba assegurada pelo PS aproxima-se dos 500 mil". E explica que 400 mil euros foram assegurados em dinheiro e o que vai para além desse valor são serviços prestados pelo partido à candidatura, como por exemplo transportes, e contabilizados nessa condição".

José Lello garante que "todo o relacionamento com a candidatura decorreu de forma correcta e com companheirismo". E salienta que José Sócrates "se envolveu pessoalmente para que nada falhasse".

Lello pormenoriza ainda que os termos em que foi estabelecido o pagamento das três transferências que o PS fez para a candidatura de Manuel Alegre. "O compromisso inicial foi de uma verba, cerca de 300 mil", assume José Lello. Dessa verba, o PS deu logo cerca de 200 mil euros em dinheiro e cem mil em serviços. E conclui: "Numa fase mais à frente, o engenheiro José Sócrates solicitou-me que eu reforçasse com mais uma transferência. E, depois, numa segunda fase, o engenheiro José Sócrates voltou a envolver-se e a pedir que fizéssemos uma segunda transferência. Houve sempre um clima de cordialidade e espírito de solidariedade."

Por seu lado, Manuel Alegre afirma que "o compromisso do PS foi de cerca de 400 mil euros em dinheiro e cumpriu". Mas lembra que a sua candidatura foi vítima de uma época de vacas magras ao nível do financiamento das actividades políticas e partidárias. E, lembrando as presidenciais de 2006, em que se candidatou mas em que o PS apoiou como candidato o ex-líder Mário Soares, Manuel Alegre diz: "Ao Mário Soares, o PS deu dois milhões e meio de euros."

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