espaçopúblicocartas à directora

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"O nosso dever é melhorar os sítios por onde passamos"

A sustentabilidade ficou na ordem do dia com a Conferência do Rio+20. Muito a propósito, o PÚBLICO colocou na 1.ª página, na passada terça-feira, opiniões de jovens portugueses, destacando algumas "ideias fortes" transmitidas por cada um deles. Confesso-me descoroçoado face ao seu teor, na generalidade, muito à base de ideias feitas e do politicamente correcto. É certo que preconizar que as tecnologias amigas do ambiente sejam mais baratas, pedir mais investimento nelas, fazer andar os carros a partir do vento e do sol não são em si más ideias. Mas tem muito de wishful thinking e transmite uma visão desresponsabilizadora, colocando as soluções no "eles" e esquecendo o "nós". Uma ideia, contudo, a de Sara Tavares, parece-me evidente e de realçar: "O nosso dever é melhorar os sítios por onde passamos."

Boa, Sara: que programa! Já imaginaram o que será aplicarmos este princípio no que fazemos todos os dias? Em casa, no local de trabalho, na rua, no nosso dia-a-dia, paulatinamente, sem depender de outrem, criando um mundo melhor, que, esse sim, será sem dúvida mais sustentável...

Francisco Seabra, Lisboa

Trigémeos ERC, PS, PSD

Só um inocente esperaria que da intervenção da ERC no caso PÚBLICO/Relvas resultaria uma reprovação firme do comportamento do ministro.

O espírito corporativista de defesa dos seus interesses levou a classe política a legislar no sentido de a ERC ser composta por dois elementos de cada um dos dois inefáveis partidos: o PS e o PSD! O mesmo zelo tiveram na legislação sobre a composição e o método de nomeação de instituições que os poderiam inspeccionar e, eventualmente, incomodar, tais como o Tribunal Constitucional e o procurador-geral da República.

Um curioso exercício intelectual seria, por exemplo, tentarmos imaginar o que é que Arons de Carvalho diria no caso do litígio entre Sócrates e Henrique Monteiro, do Expresso: teria seguido um raciocínio paralelo ao que seguiu no caso PÚBLICO/Relvas?

Outro exercício interessante seria imaginarmos se aquilo que Carlos Magno diria enquanto jornalista teria paralelismo com o que disse (ou o que não disse) sobre o mesmo assunto enquanto elemento da ERC. Se estivéssemos na Antiga Grécia, Sócrates (o verdadeiro, nada de confusões) gostaria deste exercício intelectual. Sigamo-lo, que só assim se poderá aperfeiçoar a democracia. (...) Enquanto as leis não se modificarem substancialmente, e enquanto houver imunidades, e a ERC não tiver outra composição, vou votando em branco!

J. Madureira, Porto

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