Adeus, Manchester

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Gosto muito do povo, da cidade e da Universidade de Manchester. Ensinaram-me muito. Nunca mais pude olhar para todas as outras cidades inglesas (então as do Sul...) sem ser com a sobranceria mancuniana. O meu tio Paul, irmão da minha mãe, foi o primeiro a levar-me a Old Trafford. O United era para mim (quase) o Braga ou o Porto da Inglaterra. Cheguei a preferi-lo, com distância benfiquista, a todos os outros clubes europeus.

Até ao dia, em 1977, em que fui sozinho, para o Stretford End, sub-reptício com amigos meus que eram da claque do United, ver o jogo contra o Porto, que tinha ganho 4-0 em Portugal, com três golos do Duda. Cada vez que ele tocava na bola, ouvia o ódio racista da multidão. Nunca nada me chocou ou desiludiu tanto.

Quando o Seninho marcou o segundo golo - que eliminou o United -, passei-me e denunciei-me, dando vivas no meio do silêncio absoluto. Levei pancada e deixei de ser do United. Isto apesar de os outros mancunianos que foram parar ao hospital comigo, alguns meus agressores, numa prova que o Dr. Jekyll e o Sr. Hyde existem, me dizerem com glacial fair play, que o Porto tinha merecido passar.

Passou-me o amor pelo United, mas ficou o ódio pelo City. Anteontem à noite, tive a minha vingança dupla. O Atlético de Bilbao (viva!) eliminou o United. E viva o Sporting (que não odeio tanto como o City), por ter eliminado uma tão grande equipa!

Os pobres ganharam aos ricos. Na mesma noite. Fez-se justiça. E soube bem.

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