Villepin absolvido das acusações no caso Clearstream

O ex-primeiro-ministro francês Dominique de Villepin, acusado de cumplicidade numa campanha de difamação contra o Presidente Nicolas Sarkozy, foi ontem absolvido de todas as acusações no âmbito do escândalo Clearstream - uma decisão que potencialmente coloca um ponto final numa batalha judicial que se arrasta há mais de seis anos nos tribunais e que relança o duelo entre os dois grandes rivais da direita francesa.

"O sistema judicial veio reconhecer a minha inocência pela segunda vez. Gostaria de saudar a independência dos nossos tribunais, que foram capazes de resistir à pressão política", disse Dominique de Villepin, assim que terminou o julgamento.

A sua satisfação contrastou com a do Ministério Público, que mais uma vez contestou o veredicto do tribunal - confirmando a decisão da primeira instância, em 2010. O prazo para a apresentação de novo recurso, agora para o Supremo Tribunal, termina dentro de dez dias.

O caso remonta a 2004, quando uma carta anónima enviada a um juiz identificava uma série de políticos, empresários e figuras públicas franceses alegadamente envolvidos num esquema de lavagem de dinheiro através do banco Clearstream do Luxemburgo. Um desses nomes era o de Nicolas Sarkozy, à época ministro das Finanças e, tal como Villepin, candidato à sucessão de Chirac nas presidenciais de 2007.

A carta foi rapidamente refutada como falsa, mas ainda assim deu origem a um processo, no qual o Ministério Público acusava Villepin de "cumplicidade" com as injúrias e calúnias alegadamente lançadas para denegrir a imagem de Sarkozy. Dois outros arguidos, o informático Imad Lahoud e o ex-presidente do grupo aeronáutico EADS, Jean-Louis Gergorin, foram condenados.

Villepin, que na sequência do escândalo se afastou da UMP e fundou o seu próprio movimento político, "République Solidaire", teria agora o caminho livre para entrar na contenda presidencial de 2012. Mas este domingo Villepin foi implicado num novo escândalo por um antigo conselheiro de Chirac, o advogado Robert Bourgi, que acusou o ex-primeiro-ministro e o ex-Presidente de receberem pagamentos secretos em dinheiro de líderes africanos - uma alegação que os dois desmentiram categoricamente.

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