Uma nação viável mas com muitas dívidas

Ficar em Espanha terá outras consequências

Há estudos de impacto económico para todos os gostos: os que defendem a independência não duvida de que a Catalunha ficará melhor sem Espanha; os que estão contra apresentam provas de um futuro descalabro. Desonestidade intelectual à parte, a verdade é que ninguém sabe quanto custará à Catalunha um processo de secessão.

"A Catalunha independente seria mais rica [que Espanha] mas estaria mais endividada", escreve um actor neutral, o Financial Times, lembrando que em 2011 o PIB per capita da Catalunha foi de 27.430 euros, superior ao de Espanha (22.284). Ao separar-se, a região mais endividada de Espanha veria a dívida crescer, ao herdar parte da dívida espanhola, mas os seus impostos deixariam de subsidiar o resto do país, nota o FT. O jornal não acredita que a UE pudesse dar-se ao luxo de ficar sem a Catalunha, com "uma economia do tamanho da Grécia". Os membros da Iniciativa Wilson, seis economistas catalães (todos a ensinar nos EUA ou e Reino Unido), também não. No pior dos casos, escrevem, Espanha pode vetar a adesão, mas para "fazer parte do mercado comum e manter a liberdade de movimentos de pessoas e bens, basta à Catalunha assinar acordos bilaterais". As dúvidas abundam e dividem os empresários. Alguns dos maiores grupos com sede na Catalunha, como a editora Planeta, ameaçam partir. Mas sete em cada dez pequenos e médios empresários apoiam um Estado próprio, segundo uma sondagem da associação PIMEC. Os economistas que fundaram a Iniciativa Wilson - para combater a "desinformação que pretende assustar os catalães" - admitem que não há respostas claras sobre as consequências da separação. "Teríamos de comparar o que pode acontecer se a Catalunha se separar e se não o fizer", sustentam. Ficar pode implicar sofrer as consequências de um "colapso de Espanha na crise financeira"; partir pode ter efeitos negativos ou positivos, dependendo "das instituições, leis e políticas do futuro governo". S.L.

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