PP espanhol

a braços

com escândalo financeiro

O Partido Popular (PP), a principal força da oposição em Espanha, está a braços com um escândalo de repercussões imprevisíveis. O Tribunal Superior de Justiça de Madrid constituiu 71 arguidos num caso de financiamento irregular dos conservadores e, em Valência, um relatório policial pôs em causa a gestão dos mais altos dirigentes do partido.

Na Comunidade Valenciana, cujo presidente do governo é Francisco Camps, apoio decisivo de Mariano Rajoy, o líder do PP espanhol, a investigação da polícia concluiu que o executivo regional concedia obras a empresas que trabalhassem grátis para os "populares".

A polícia assegura ainda que alguns empresários entregavam dinheiro de negócios ilegais, ou seja, à margem de qualquer tributação fiscal, ao PP regional. A divulgação deste relatório provocou um cisma na sede nacional dos conservadores.

Rajoy, que sempre apoiou Francisco Camps no caso das insólitas prendas de roupa, um processo que acabou arquivado, exigiu ao PP de Valência uma reacção e esclarecimentos sobre o caso.

Na terça-feira, os conservadores valencianos admitiram submeter as suas contas a uma auditoria, desde que a mesma prática seja seguida com a contabilidade dos outros partidos. O que, desde logo, demonstra não estarem dispostos a esclarecer os casos que, a apenas eles, são imputados.

No entanto, os dirigentes do PP têm consciência de que as revelações detalhadas do relatório policial são devastadoras e que, mais tarde ou mais cedo, levarão a demissões. A sua estratégia é evitar que a vaga de demissões chegue a Camps, crónico vencedor das eleições regionais.

Em Madrid, a investigação de práticas irregulares em tudo idênticas às praticadas em terras valencianas afecta os conservadores. As primeiras investigações levaram à constituição de 71 arguidos, entre os quais o antigo tesoureiro do partido, vários senadores, diversos edis e presidentes de câmara, estes últimos já demitidos dos seus cargos.

A investigação em curso na Comunidade de Madrid pretende apurar favores de campanha praticados por empresas que, depois, ganharam contratos com as administrações controladas pelo PP.

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