China cria Prémio Confúcio para concorrer com o Nobel

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O Nobel da Paz Liu Xiaobo

A China prepara-se para anunciar a criação de um galardão para concorrer com o Nobel. O primeiro Prémio Confúcio da Paz será entregue a um político taiwanês.

Se não estivesse na prisão, Liu Xiaobo, o mais famoso opositor ao regime de Pequim, recebia amanhã em Oslo o Nobel da Paz das mãos do comité norueguês. Em resposta, e depois de semanas de pressão diplomática para um boicote da cerimónia, as autoridades chinesas deverão anunciar hoje o seu próprio prémio, noticiou a AP.

O diário Financial Times adiantava que o galardão, com o nome do célebre filósofo chinês, irá para Lien Chan, antigo vice-presidente de Taiwan, que desempenhou um papel importante para a actual reaproximação entre Taipé e Pequim (que considera a antiga Formosa como uma região rebelde).

Segundo os organizadores, uma vez que a China é o país mais populoso do mundo, "deveria ter uma maior voz na paz mundial", cita o FT. O diário acrescenta que a ideia do prémio partiu do jornal anglófono Global Times, há três semanas. "Não devemos depender dos membros do comité do Prémio da Paz. Já sofremos demasiadas perdas", comentou Liu Zhiqin, executivo do Zurich Cantonal Bank, em Pequim. "Devemos, em vez disso, fazer alguma coisa que esteja ao nosso alcance, e não esperar que os outros mudem."

O presidente do comité, Tan Changliu, afirmou à AP que tem trabalhado em conjunto com o Ministério da Cultura. O poeta Qiao Damo, que também ajudou a criar o Prémio Confúcio, garantiu que o grupo é totalmente independente. O prémio, de 100 mil yuans (11.300 euros), é financiado por empresas e privados.

O próprio Qiao estará também na short list do Confúcio. "O comité quis que o meu nome fosse incluído porque acredita que a poesia promove a paz", afirmou. Outros nomes da lista: Bill Gates, Nelson Mandela, Jimmy Carter, Mahmoud Abbas e o Panchen Lama, a segunda figura do budismo tibetano, nomeado por Pequim.

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