Administração Bush admite má gestão no socorro às vítimas do Katrina

Governo "demorou tempo de mais a mobilizar militares, veículos e ajuda"

O secretário norte-americano da Segurança Interna, Michael Chertoff, reconheceu as responsabilidades do organismo governamental que tutela na má condução dos esforços de socorro às vítimas do furacão Katrina que assolou a região de Nova Orleães, em Agosto. Num discurso proferido segunda-feira à noite numa conferência da Associação Nacional de Gestão de situações de Emergência (NEMA), Chertoff admitiu que o Governo "demorou tempo de mais a mobilizar os militares, veículos e ajuda necessária ao socorro das vítimas, prolongando o sofrimento e elevando o número de mortos".
Esta admissão de culpa surge na sequência da divulgação feita na véspera, pela agência Associated Press, do sumário de um relatório produzido por um comité do Congresso norte-americano, em que toda a Administração Bush é acusadade "in aptidão" na gestão da calamidade de que resultaram mais de 1300 mortos, centenas de milhares de deslocados e dezenas de milhares de milhões de dólares em prejuízos.
Este documento de 600 páginas, que será hoje divulgado na íntegra, denuncia que "o Katrina foi um falhanço nacional, um abdicar do mais solene dever de providenciar assistência às populações", tendo o Governo "sido ineficaz, inepto e ficado organizacionalmente paralisado".
Ontem, era esperado que Chertoff comparecesse perante o comité do Senado que está também há vários meses a averiguar a resposta das autoridades ao Katrina, mas o testemunho do secretário norte-americano acabou por ser adiado por estar a decorrer no Senado uma série de votações sobre assuntos fiscais.

Despejos em contagem decrescente
Michael Chertoff foi chamado ao comité do Senado depois de o antigo responsável da Federal Emergency Management Agency (FEMA), Michael Brown, o ter acusado de não ter agido com a prontidão necessária, por estar "demasiado concentrado em eventuais ataques terroristas para lidar com um desastre natural".
A conselheira de George W. Bush para a Segurança Interna, Frances Fragos Townsend, reconheceu que alguns erros foram cometidos, mas rejeitou "qualquer sugestão de que o Presidente não se tivesse envolvido totalmente" na resolução da crise. As cerca de 40 mil pessoas que perderam as casas devido ao Katrina viram-se ontem ameaçadas a ficar na rua, depois de um juiz ter dado aval à intenção do Governo de as retirar do programa que as tinha alojado em hotéis.
Responsáveis da FEMA afirmaram que as estimadas 12 mil famílias evacuadas na sequência do Katrina continuarão a receber ajuda financeira que pode ser usada para pagarem o seu próprio alojamento ou para repararem as suas casas.
Todo o processo de gestão dos 85 mil milhões de dólares disponibilizados para apoio às vítimas dos furacões saiu também muito beliscado nos últimos dois dias. Dois relatórios revelaram que a FEMA desperdiçou milhões de dólares na gestão dos fundos de ajuda de emergência.

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