O único presidente da câmara do mundo com a sua própria política externa

a É difícil escolher como começar a falar de Ken Livingstone, o mayor trabalhista que aos 62 anos quer obter um terceiro mandato. Foi sempre impopular entre a iderança do Labour e sempre representou a ala mais à esquerda do partido, fez promessas e quebrou-as, mas sob cuja administração Londres teve importantes conquistas, como ser a cidade escolhida para os Jogos Olímpicos de 2012, e cuja City passou a ser o centro financeiro do mundo.Red Ken ficou mais conhecido por impor pesadas taxas de circulação em Londres - uma medida que, apesar de ser potencialmente impopular, acabou por ser aplaudida, por ter melhorado o trânsito dentro da cidade.
Um dia, foi mesmo suspenso do cargo por quatro semanas, por ter comparado um jornalista a um guarda de um campo de concentração nazi -- e quanto o repórter lhe disse que era judeu, Livingstone repetiu o insulto.
Mas a sua postura anti-establishment não o tem prejudicado. Livingstone defendeu negociações com o IRA. Criticou a participação britânica na guerra no Iraque e chamou a George W. Bush "o Presidente americano mais corrupto desde Harding, nos anos 1920". O actual mayor de Londres será o único que conduz a sua própria política externa, diz dele a revista Economist.
Queixa-se tanto de Bush como da família real saudita, disse que os ataques suicidas nos transportes de Londres foram provocados pela política britânica no Médio Oriente, e fez um negócio polémico com a Venezuela para ter combustível para os autocarros de Londres.
A sua chegada à câmara de Londres é recheada de reviravoltas, e depois de concorrer como independente (e deixar em terceiro o candidato trabalhista) acabou reintegrado no partido com a bênção de Blair - que terá comentado, ao falar da sua decisão de estabelecer eleições directas para a presidência da câmara de Londres: "Dei-lhes o voto e eles deram-me o maldito Livingstone."
Além de polémico, Livingstone é também uma figura contraditória: já afirmou que quanto mais um político continua no poder mais tenderá para ser corrupto (antes, claro, de concorrer ao terceiro mandato). E esqueceu a postura de esquerda para impor medidas que contribuíram para fazer da City o centro mundial de negócios, defendendo benefícios fiscais para não residentes - e também disse que furaria os piquetes de greve dos trabalhadores do Metro, lembra o Times.
O actual mayor de Londres nasceu em Lambeth, na capital britânica, em 1945, e foi pai pela primeira vez em 2002 - aos 57 anos. Mais tarde admitiu que tinha afinal dois filhos "secretos".
Trabalhou num laboratório de investigação de cancro antes de se dedicar a tempo inteiro à política - esta tornou-se a principal ocupação nos anos 1970, quando foi eleito para um conselho local de Lambeth, já pelo Labour.
Depois de décadas de política activa, Livingstone é "o" grande sobrevivente da política britânica. A questão é se por estar tanto tempo na ribalta deixou os eleitores a querer mudança. M.J.G.

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