Hollande propõe nova taxa de 75% para rendimentos superiores a um milhão

Foto
Hollande em campanha

O candidato socialista à presidência da França, François Hollande, pretende aumentar para 75% a taxa tributária sobre os rendimentos individuais acima de um milhão de euros por ano - uma medida que reputou de essencial para a coesão social, apesar de largamente "simbólica", uma vez que só atingiria uma parcela de 0,001% dos contribuintes.

Ressalvando que nada o move contra os ricos, Hollande manifestou-se "chocado" com a progressão nas remunerações médias anuais dos "patrões do CAC 40" [o índice da bolsa de Paris], que suplantam os dois milhões de euros anuais. "Vamos aceitar isto?", questionou.

"Aprecio o talento, o mérito, o trabalho produtivo que permite o desenvolvimento da França. Mas não aceito a riqueza indecente. Este nível de remuneração não tem a mínima relação com o talento, a inteligência ou o esforço", criticou o candidato socialista durante uma entrevista de apresentação do seu programa eleitoral no canal TF1.

O manifesto socialista já previa uma subida da taxa a aplicar aos contribuintes com rendimentos superiores a 150 mil euros por ano dos actuais 41% para os 45%, bem como o fim das deduções e outros benefícios fiscais. Mas a proposta de taxar fortemente os milionários parece ter apanhado de surpresa até o conselheiro financeiro da sua candidatura, Jérôme Cahuzac, forçado a confessar numa entrevista que nada sabia sobre o assunto.

Hollande insistiu que o seu "choque fiscal" para os ricos é um "forte sinal" e uma "mensagem de coesão social", e antevendo as críticas dos seus adversários, disse que se tratava de uma medida "patriótica". "É patriótico aceitar pagar um imposto suplementar para ajudar o país", sublinhou.

Numa breve reacção, o Presidente candidato à reeleição, Nicolas Sarkozy, disse que a proposta de Hollande revela uma "precipitação, improvisação e amadorismo constrangedor". A líder da Frente Nacional, Marine Le Pen, classificou a ideia de "completamente absurda e ideológica". "Isto não é política, é um golpe mediático", comparou.

Entretanto, a primeira semana de campanha de Sarkozy parece ter dado um novo alento à sua recandidatura, que recuperou ligeiramente nas sondagens. O último inquérito Ipsos, ontem divulgado, aponta para um ganho de 2% nas intenções de voto de Sarkozy, que com 27% do total continua atrás de Hollande na votação da primeira volta. O socialista lidera com 31,5% e vê a sua vantagem crescer para os 58% num cenário de segunda volta contra Sarkozy, que tem 42%.

Sugerir correcção